Eleito com a promessa de dar continuidade ao legado do seu antecessor Eduardo Campos, o governador Paulo Câmara (PSB) enfrenta dificuldades para concretizar os compromissos do seu programa de seu governo. O socialista encontrou um cenário de adversidades provocados por uma intensa crise política econômica nacional, o que acabou impactando as finanças do Estado. Em seu primeiro ano de gestão, o socialista não teve acesso à contratação de novas operações e crédito, que não foram autorizadas pelo Governo Federal, e acabou investindo apenas R$ 1 bilhão dos R$ 3 bilhões previstos.
As perspectivas para o próximo ano ainda são nebulosas já que não há garantia de que os empréstimos serão liberados. É diante deste cenário adverso que o governador terá que cumprir as promessas do seu programa de governo. Algumas delas envolvendo a captação de um grande volume de recursos, escassos em um período de crise econômica. Neste “pacote” estão o Hospital Geral do Sertão, em Serra Talhada; Hospital da Mulher do São Francisco, em Petrolina, e o Hospital Mestre Dominguinhos, em Garanhuns, além da requalificação do Hospital Agamenon Magalhães, também em Serra Talhada. Outras obras que dependem de recursos – hoje inexistentes – são as seis UPAS Especialidades. O valor total das iniciativas é R$ 200 milhões.
Outro projeto que exige um esforço de captação de recursos por parte do Governo do Estado – e ainda não iniciado – é a construção de 20 Centros Comunitários da Paz (COMPAZ). A obra simboliza a aliança do PSB com o PMDB porque foi herdada do programa de governo do vice-governador Raul Henry (PMDB) para a Prefeitura do Recife, em 2008. Na área de mobilidade – um dos setores que mais castiga a população – algumas promessas ainda não apresentaram avanços. A retomada do projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe permanece travada. O projeto foi iniciado na gestão de Eduardo Campos, com orçamento previsto de R$ 289 milhões, mas teve problemas com os repasses de recursos do Governo Federal.
Também ganhou destaque no guia eleitoral do então candidato a implantação do Bilhete Único, com tarifa única. O benefício seria estendido para a Região Metropolitana do Recife, mas não há previsão para seu cumprimento. Entre todos os projetos apresentados um, particularmente, vem sendo alvo da oposição: a promessa de dobrar o salário dos professores da rede estadual em quatro anos. Em seu primeiro ano, o feito de Paulo Câmara foi conseguir garantir o cumprimento do piso salarial e reajustar o salário em 7%. Já outros compromissos acabaram tendo retrocesso. O Programa Ganhe o Mundo, que financia o intercâmbio de alunos da rede estadual, tinha a promessa de ser ampliado, mas o governo cortou 384 vagas em abril. O mesmo ocorreu com o Programa Atitude, que também seria expandido, mas sofreu com cortes de terceirizados e atrasos nos pagamentos.
Por Carol Brito, da Folha de Pernambuco
Foto: Bruno Campos/Folha de Pernambuco