Buzina, uma folia perigosa

Há pessoas que respiram o gás que exala do recipiente sem terem noção do perigo.

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Leo Motta/Folha de Pernambuco

Atrás da aparente ingenuidade das buzinas da folia vendidas em sprays aerossóis no comércio ambulante e de rua existe um risco à saúde. Elas contêm em sua fórmula substâncias nocivas, a exemplo de aditivos anticorrosivos. A presença dos gases butano e propano, componentes do gás de cozinha, são derivados do petróleo e também presente nas fórmulas. O que assusta é que, apesar do risco, esse produto é facilmente vendido à população, inclusive a crianças e adolescentes. Há relatos inclusive de jovens que usam o gás da buzina como alucinógeno. A prática já matou adolescentes em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A falta de fiscalização impera, já que não há legislação que impeça a venda desses materiais no Estado.

A gerente da Vigilância Sanitária (Visa) do Recife, Adeilza Ferraz, junto com químicos e a assessoria jurídica se reuniu na última sexta-feira (6) para verificar a possibilidade de criar um instrumento que proíba a venda das buzinas, mas após o primeiro encontro a normativa foi dispensada. “Apesar da nocividade, o grupo avaliou que as pessoas que inalamos gás fazem isso de forma voluntária por isso não deveremos proibir. Mas vamos voltar a avaliar isso na próxima semana”, disse. A gerente comentou que a maioria do País também não colocou normas sobre a comercialização das buzinas. Um exemplo de quem já regulou o uso do item foi o Estado de Goiás após vários episódios de mortes pela inalação do gás tóxico.

Um fato que chama a atenção é que o Recife tem desde 2007 um decreto que proíbe a venda e utilização dos aerossóis de neve e serpentinas artificiais, justamente, porque o material contem agentes nocivos, além de propano e butano. A norma estabelece multa entre R$ 40 a R$ 400 mil para os estabelecimentos que forem flagrados vendendo a espuma, além de processo administrativo e fechamento do espaço.

Ao falar das buzinas com adolescentes, a Folha atestou que a inalação do gás acontece aqui assim como em outros Estados. “Dá uma sensação de êxtase rápida”, falou um jovem que não quis se identificar. Ele provou a buzina em uma festa de formatura. A gerente do Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox), Lucineide Porto, ficou surpresa com este uso do produto. “Aquilo ali é o gás de cozinha, que é um gás toxico. Se inalar em grande quantidade morre”, alertou.

Folha de Pernambuco

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