Polícia Científica de Pernambuco tem 300 cargos vagos e 90 profissionais atingem esse ano a idade para se aposentar

A Polícia Científica de Pernambuco tem, ao todo, 630 profissionais na ativa. No entanto, há 300 cargos vagos, principalmente em laboratórios e unidades no interior do estado. Além disso, 90 profissionais atingem este ano a idade para se aposentar. Por isso, existia grande expectativa pelo anúncio de concurso para suprir esse déficit, mas a categoria ficou de fora do anúncio feito pelo Governo de Pernambuco durante o lançamento do novo plano de segurança pública.

De acordo com a presidente da Associação de Polícia Científica de Pernambuco (APOC-PE), Camila Reis Baleeiro, não adianta ter uma Polícia Militar e uma Polícia Civil ativa, se não houver provas que garantam a correta punibilidade.

“A Polícia Científica não foi contemplada com o concurso, diferente de todas as outras operativas. A gente sabe que sem prova não há prisão, principalmente não há uma prisão sustentável. A gente às vezes vê melhora nos números, mas esses números eles não se mantém. A gente tem hoje pra todo o estado de Pernambuco dez unidades de Polícia Científica. A gente tem um problema sério na Região Metropolitana aqui do Recife, mas a situação do interior é muito pior. A gente tem uma unidade como Salgueiro que é uma equipe, um perito e um agente de perícia pra cobrir 18 mil quilômetros de área. A gente tem Caruaru, a regional de Caruaru pra cobrir 22 municípios com mais de um milhão de habitantes. É impossível que é a Polícia Científica consiga dar a resposta, dar prova suficiente pra quantidade de inquérito policiais que são abertos todos os dias com um efetivo tão baixo˜, afirmou a presidente da Apoc-PE.

Camila Reis Baleeiro destacou que o déficit na corporação afeta diretamente quem é vitima de crimes. “A gente tem hoje vítimas de crimes sexuais tendo que se deslocar por quatro horas para ter um atendimento de IML. Apesar de termos dez unidades de Polícia Científica, nem todas elas contam com o IML e somente quatro têm IMLs pra fazer exames tanatoscópicos em cadáveres. Então é uma sobrecarga muito grande e não tem um rabecão. Temos que depender as vezes de funerárias pra fazer a remoção dos corpos. Então é uma situação gravíssima e que precisa de efetivo”, disse.

A presidente da Apoc-PE lembrou que existe hoje um caso de sucesso na segurança pública pernambucana que mostra a importância das polícias trabalharem integradas. “A integração da equipe de perícia patrimonial junto com a Delegacia de Polícia de Roubos e Furtos, junto com o laboratório de DNA, o Instituto de Genética Forense aqui do estado, que coletou o DNA de mais de 18 mil presos dentro do estado, conseguiu encontrar estupradores seriais e em dois anos conseguiu reduzir em 80% a quantidade de crimes patrimoniais relacionados a instituições financeiras. E esse número ele vem justamente da integração e da utilização de tecnologia junto com pessoas. Tecnologia sozinha não resolve nada. A gente precisa de gente que pegue os dados científicos que pegue essas tecnologias e aplique à prática”, observou.

Camila lembrou que Pernambuco tem hoje um banco balístico que já é o segundo maior do país e que precisa de gente. “Os casos de homicídio tem na sua maioria vestígios balísticos. Se a gente pega esses vestígios balísticos e insere nesse banco balístico a gente tem a possibilidade de encontrar diversos autores e autores seriais. A gente sabe que o crime em Pernambuco é recorrente. Uma pessoa não estupra uma vez, ela não rouba uma vez, ela não mata uma vez. Ela faz isso sucessivas vezes. O que a gente quer aqui é possibilitar que a ciência seja utilizada sim como solução para ajudar na questão da segurança pública”, declarou.

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