“Nenhum paciente vai ser abandonado, desassistido, nenhum médico vai desistir dos seus pacientes. Eles vão ficar com eles até o final”. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) Mário Fernando Lins, sobre a recomendação de que os profissionais de saúde usem um sistema de pontuação para priorizar o uso de respiradores nos pacientes com o novo coronavírus, em caso de colapso total do sistema e falta absoluta de leitos.
A falta de respiradores é um dos principais problemas para a estruturação de novas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Em Pernambuco, a procura por esse tipo de assistência, mais intensa, tem aumentado bastante. Na quarta-feira (29), por exemplo, havia 1.002 pessoas internadas. Na quinta-feira (30), um dia depois, foram 104 pacientes a mais, chegando a 1.106.
Por causa disso, o esquema a ser utilizado pelos médicos, recomendado pelo Cremepe, leva em conta recomendações e documentos nacionais e internacionais de saúde. O documento do Cremepe traz um fluxograma de atendimento ao paciente com Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).
“Isso é doloroso, mas a família tem que entender que nós temos limites. O paciente com uma pontuação baixa não precisa de respirador. O paciente com uma pontuação muito alta deve ser encaminhado para um cuidado paliativo. Ele vai ser cuidado”, declarou o médico.
Ainda segundo o presidente do Cremepe, para a formulação do documento, foram utilizados quatro grandes trabalhos internacionais, para oferecer ao médico escolhas baseadas na ética profissional.
“Esperamos que esse escore nunca seja utilizado, mas é para absoluto colapso, quando não houver nenhum leito disponível. Nós estamos, hoje, com uma taxa de ocupação, tanto na rede pública quanto na rede privada, com 98%. Isso é muito preocupante, não podemos deixar o profissional numa ‘escolha de Sofia’. Nós temos, sim, que usar mecanismos e trabalhos internacionais”, explicou Mário Fernando Lins.
O Cremepe, agora estuda novas formas de diminuir a distância entre os pacientes, nas UTIs, e seus familiares, em casa.
“É desumano, também, o isolamento ao qual o paciente é submetido quando entra numa unidade de Covid-19. Ele fica lá isolado, às vezes está numa UTI, lúcido, sem se comunicar com a família. O trabalho é tão intenso que isso é postergado. Nós estamos recomendando que haja uma maneira de comunicar, através de tablets, através de comunicados e boletins diários às famílias e, mesmo, oferecendo ao paciente, através de um tablet com chamada de vídeo, por exemplo, ele falar com seus entes queridos”, declarou.
Coronavírus em Pernambuco
Na quinta-feira (30), foi registrado o maior número de casos confirmados em um único dia, desde o começo da pandemia, pela Secretaria Estadual de Saúde: 682, o que elevou para 6.876 pacientes com o novo coronavírus no estado. Também foram registradas mais 27 óbitos por Covid-19 e o estado chegou a 565 mortos.
G1 Pernambuco
Foto: Andréa Rego Barros/Prefeitura do Recife/Divulgação