No período de férias, crianças e adolescentes tendem a passar mais tempo dentro de casa. Por consequência, o uso de computadores, celulares e tablets é maior do que de costume. A Polícia Federal (PF) lançou ontem alerta para pais e filhos com dicas preventivas para redobrar a atenção com a atuação dos pequenos na internet.
Segundo a PF, é necessário que os pais acompanhem os filhos no uso da web enquanto eles não tiverem idade suficiente para compreenderem que podem estar sendo manipulados por adultos. Mas o cuidado em relação aos perigos de ataques de cibercriminosos e pedófilos na internet não é o único. A própria PF lembra dos riscos que envolvem a saúde física e mental de crianças devido à luminosidade das telas.
De acordo com a psicopedagoga Angelica Portela, os jovens tendem a confiar nos eletrônicos para expressar desejos e vontades. “Por isso os pais precisam ficar analisando as conversa que eles mantém. A partir do momento que ligam os sentidos do tato, da visão e da audição a um aparelho, têm uma facilidade maior de se envolver.” A psicopedagoga explica que eles podem depositar toda sua confiança ali, perdendo a comunicação com os pais.
Em nota, a Polícia Federal afirma que durante o uso de mídias sociais, há evidências do aumento da liberação de dopamina, que é um neurotransmissor relacionado ao vício. “Ou seja, há evidências de que pode viciar quimicamente, como uma droga.” A nota revela ainda que adolescentes que usam redes sociais menos de 30 minutos ao dia apresentam muito menos sintomas depressivos e autodestrutivos do que os adolescentes que usam por mais tempo. “A Sociedade Americana de Pediatria orienta que Facebook, Instagram, Youtube, Snapchat, a idade para ter acesso é de 13 anos, e WhatsApp é de 16 anos.”
Segundo a PF, com a desconexão afetiva nas famílias e o ritmo do dia a dia, é mais fácil que a criança passe tempo excessivo no celular. Como forma remediar essa distância, a Polícia Federal recomenda pelo menos dez minutos de conversa com seu filho para saber como foi o dia dele, se notou alguma coisa ou alguém estranho próximo, se chateou com algo ou viu alguém postando algo esquisito na internet. “Tais perguntas vão proporcionar aos filhos uma cumplicidade grande com seus pais e a criança procurará seus pais para conversar sobre o assunto, nunca um estranho.”
A nota aconselha também adolescentes a nunca colocarem informações pessoais nas redes, tais quais números de documentos, endereço residencial, nome dos pais, foto da residência ou fotos com rol de amigos.
A motorista de aplicativo Marcela Silvestre tem uma filha de 6 anos que, embora não saiba ler, já faz ligações, chamadas de vídeo e grava áudios no WhatsApp. Dentro dos cuidados da mãe, a pequena Giovanna tem um aparelho celular sem chip, onde pode usar o YouTube Kids e a Netflix. “A gente monitora sempre que ela está utilizando, por exemplo, ela não pode usar fone ouvido, para a gente escutar tudo que está acontecendo. Se tiver algo estranho, vou ver o que é”, relata Marcela.
Folha de Pernambuco
Foto: Paullo Allmeida/FolhaPE