Além dos 49 deputados estaduais eleitos, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) abriga dezenas de políticos sem mandatos. A Folha de Pernambuco identificou, pelo menos, 30 pessoas entre as que foram nomeadas desde o início do ano para postos na administração do Legislativo ou para os gabinetes de parlamentares que já concorreram a eleições. A maioria desses quadros disputou em 2016 ou 2018.
Apesar de não terem conseguido garantir um mandato, eles podem ajudar a mobilizar eleitores em suas bases para apoiar os integrantes da Alepe. De acordo com o Portal da Transparência do Legislativo, cargos comissionados podem receber entre R$ 1.277,45 e R$ 14.486,60; dependendo do posto para o qual foram nomeados.
Notórios
Os três casos mais notórios de políticos sem mandato contemplados pela Alepe são os dos três ex-deputados estaduais que não conseguiram se reeleger em 2018, mas foram nomeados para postos de direção na Casa. Vinícius Labanca (PP), que assumiu a Superintendência Parlamentar, ficará responsável por fazer as relações institucionais da Alepe com o Executivo, o Judiciário e órgãos como o Ministério Público. Novo superintendente de Comunicação Social, Ricardo Costa (PP) assumiu a assessoria de imprensa da Casa e ficará à frente do projeto de implantação da TV Alepe. Já José Humberto Cavalcanti (PTB) assumiu a Superintendência da Escola do Legislativo, que pode atuar na formação de servidores da Casa e de outros órgãos públicos.
Outro caso emblemático é o de Eugênia Lima (PSOL), que disputou uma vaga de senadora na corrida eleitoral do ano passado. Ela terminou a disputa com 1,71% dos votos, mas assumiu a vaga de assessora especial no gabinete da Juntas, mandato coletivo do PSOL que atua no Legislativo estadual. Também nomeado como assessor especial foi o ex-secretário de Esportes do Recife George Braga (PCdoB), atual suplente de vereador da Capital. Ele atua no gabinete do ex-prefeito João Paulo (PCdoB), eleito deputado estadual em 2018.
Experiência
Presidente da Alepe, o deputado Eriberto Medeiros (PP) disse que nomeou Vinícius Labanca, Ricardo Costa e José Humberto Cavalcanti porque eles têm experiência nas áreas de atuação das superintendências, inclusive pela atuação empresarial ou pelo papel deles como servidores públicos. “Buscamos assim encaixar pessoas nos lugares que tivessem uma identidade. Nada que viesse distorcer”, assegura.
Segundo Eriberto, os gabinetes são formados por um corpo técnico, onde se encontram profissionais de comunicação e de técnica legislativa, mas também por pessoas que têm um trabalho mais político, de ouvir demandas dos municípios ou das comunidades e levar para que os deputados as transformem em projetos de lei, requerimentos ou audiências públicas. “Se você bota um político em uma posição dessa, ele já tem esse conhecimento. Não acredito que seja uma forma de apadrinhamento. Embora nós sabemos que, infelizmente, vários colegas da classe política que quando terminam o mandato ficam de forma muito precária e difícil”, diz.
Informações do Blog da Folha
Foto: Henrique Genecy/ Folha de Pernambuco