Mais de 80% dos casos encaminhados para análises periciais em Pernambuco foram resolvidos com o auxílio de um dispositivo que decodifica qualquer sistema e extrai suas informações. O Ufed Touch, ferramenta chave na operação Lava Jato, da Polícia Federal, tem aumentado a eficiência na solução dos crimes no Estado, de acordo com a Gerência Geral de Polícia Científica (GGPOC). Recentemente, o dispositivo ajudou a esclarecer o caso Patrícia Cristina, traçando o perfil do suspeito, o ex-marido da vítima. Gilson Freitas, perito criminal que manipula o dispositivo, afirma que a internet possibilita que as quadrilhas se organizem, troquem informações e planejem suas ações criminosas.
“Na questão do celular, quando conseguimos revelar os dados que estão no WhatsApp, por exemplo, podemos mostrar como foi o planejamento, quem são os envolvidos, e até apontar pessoas que a investigação não detectou no primeiro momento, dando novos rumos à investigação. Demonstrando, também, a materialidade do delito.” O aparelho recupera todas as informações das redes sociais, ou de qualquer outro sistema, que um dia tenham passado pelo dispositivo. Qualquer um desses dados, mesmo os da nuvem (informações arquivadas na grande rede, como e-mails, por exemplo) ou que já foram deletados do aparelho, podem ser acessados pelo Ufed Touch.
Desenvolvido pela empresa Israelense Cellebrite, o dispositivo, é capaz de acessar aplicativos, mensagens, histórico de conversas, lista telefônica, fotos, vídeos, dados de localização, buscas e sites visitados. Com a geolocalização, por exemplo, é possível rever todas as rotas já realizadas pelo usuário. De acordo com a Polícia Científica, todo celular é passível de extração, inclusive os bloqueados ou criptografados. No entanto, não existe um parâmetro único para as análises, pois os sistemas operacionais dos aparelhos variam.
Dessa forma, cada caso é analisado de um modo diferente. Por isso, a extração é um processo demorado, realizado por peritos da área de engenharia e computação. “A ferramenta tem uma interface própria que processa e extrai as informações. Nós tratamos os dados extraídos por ele e apresentamos para a equipe de investigação, em uma forma que seja fácil de entender. Fazemos uma análise de todo o conteúdo que é extraído, e de acordo com o que é solicitado no oficio nós investigamos, cruzamos os dados e geramos relatórios para que a investigação avance”, ressaltou o perito Gilson Freitas.
No Estado, segundo gestor do Grupo Especializado em Perícias de Homicídios (GEPH), do DHPP, Diego Costa, o Ufed Touch é mais utilizado em casos como homicídios e em demandas especiais. “Quando o crime é um homicídio, o celular da vítima é considerado material probatório e passa a pertencer ao Estado, podendo ser periciado sem uso de ação judicial.”
Folha de Pernambuco