Um evento aberto à sociedade vitoriense nesta quinta-feira (02) comemora a passagem de mais um ano da Batalha das Tabocas. A comemoração desta data marcante para o município será realizada às 19h30 pelo Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão (IHGV).
Durante a solenidade, haverá posse de novos sócios do IHGV, aposição de fotos, entrega de títulos de sócios beneméritos e a palestra do professor Fernando Guerra, discente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de coquetel e apresentação cultural.
Outro momento marcante do evento será o discerramento de uma placa comemorativa em frente à Praça Diogo de Braga como homenagem ao Instituto Histórico e a passagem dos 373 anos do embate travado no Monte das Tabocas.
A batalha, que se deu em 03 de agosto de 1645, foi o marco da expulsão das tropas holandesas de solo pernambucano durante o ato revolucionário luso-brasileiro chamado de ‘’Insurreição Pernambucana’’, que tinha como objetivo impedir o avanço das frentes estrangeiras na nossa região.
Sobre a Batalha do Monte das Tabocas
Na manhã de três de agosto de 1645 as sentinelas brasileiras anunciaram a aproximação das modernas tropas holandesas, apoiadas pelos índios tapuias. Vieira reuniu seus soldados e a eles se dirigiu em tom resoluto proferindo fortes palavras: “a sorte da nossa causa depende deste primeiro combate”. A causa, era a libertação de Pernambuco.
Uma hora da tarde do dia 3 de agosto de 1645, deu se a grande batalha. Os luso-brasileiros, usando a tática de emboscadas, atacavam e recuavam, fugiam e investiam, atraindo e empurrando os invasores para dentro do tabocal. Resistindo e ludibriando os holandeses, nossos bravos soldados conseguiram atraí-los em direção ao alto do Monte, onde estava escondido o grosso da tropa, comandado por João Fernandes Vieira. Ferozmente caíram sobre o inimigo e após fortes combates, que duraram até ao anoitecer, nossos soldados conseguiram derrotar o inimigo que aproveitou a escuridão da noite e fugiu apavorado, abandonando armas, munições, feridos e mortos.
Narra a tradição, que durante os fortes combates, surgiu uma senhora com uma criança no braço, tendo ao lado um ancião barbudo com um cajado e eles, além de alento, forneciam armas aos nossos bravos soldados. De acordo com a crença popular, eram, Nossa Senhora com o Menino Jesus e Santo Antão. Essa mística narrativa, que só a fé justifica, explica a frase: “Em Tabocas, o céu e a terra se uniram para gerar o Brasil”.
No outro dia ao amanhecer, vendo que o inimigo havia realmente fugido, nossos bravos heróis de joelhos, agradeceram a Deus e à Virgem de Nazaré, e gritaram três vezes em alta voz: ‘Viva a fé de Cristo, e a liberdade. Vitória, vitória, vitória”. E logo o governador João Fernandes Vieira com o chapéu na mão, foi abraçando a todos os capitães e soldados, agradecendo-lhes e louvando-lhes o esforço e a coragem.
Nosso pequeno exército, em formação, constituído de homens descalços, sem armamentos adequados, lutando com amor, de peito aberto, derrotou as bem treinadas e bem armadas tropas holandesas.
A batalha do Monte das Tabocas, foi um marco na campanha da insurreição e sem Tabocas, não haveria Guararapes. Em Tabocas, germinou em nossa gente, o sentimento nativista e de pátria, ali, originou-se o embrião do exército brasileiro. Tabocas, no dizer de Luis da Câmara Cascudo, “anunciava os longínquos Guararapes no batismo do sangue valente”. A luta contra os holandeses durou ainda, nove anos, terminando com as batalhas do Monte Guararapes, onde foram definitivamente derrotados.
do Blog Nossa Vitória, com informações do Portal da Virada Cultural