Semear, regar e colher. Desde janeiro deste ano, esse tem sido o exercício diário de 14 adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Vitória de Santo Antão. O grupo, guiado pelo técnico agrícola de formação e agente socioeducativo da unidade, Mauro Damião da Silva, participa de oficina que vem trabalhando em uma horta, cultivando uma variedade de hortaliças e plantas medicinais. Além de valorizar a alimentação saudável e beneficiar o meio ambiente, a atividade é uma válvula de escape para o estresse cotidiano e tem o poder de levar consciência e responsabilidade aos que praticam.
O grupo de socioeducandos trabalha na horta em dois períodos, revezando os horários entre si. Lá eles praticam todas as etapas agrícolas, desde a preparação do solo, colheita, até a comercialização das plantas, que é feita entre os funcionários da unidade e demais unidades da Funase. O lucro é revertido para as necessidades da unidade e também para a compra de produtos e insumos, tornando a atividade auto-sustentável. Outra parte da colheita é destinada à cozinha do próprio Case, a fim de ser utilizada no preparo dos alimentos servidos aos socioeducandos e funcionários.
A horta da unidade é dividida em duas partes, a de hortaliças e a de plantas medicinais. Na parte de hortaliça são cultivados coentro, cebolinha, alface, pimentão, quiabo, couve flor e pimenta biquinho. Já na parte de plantas medicinais, são cultivadas erva cidreira, capim santo, eparema, boldo do Chile, anador, terramicina, hortelã e hortelã grande. “Escolhemos essas culturas por serem de fácil adaptação ao tipo de solo e por serem mais resistentes a pragas, pois toda a horta é orgânica e não fazemos uso de agrotóxicos”, diz Mauro Damião da Silva, que ministra a oficina.
Visando proporcionar ainda mais conhecimento sobre plantas, o Case realizou uma palestra sobre Fitoterapia, que consiste em utilizar plantas medicinais e saber os seus efeitos e aplicações. O evento contou com a participação de oito socioeducandos envolvidos diretamente na horta e foi ministrado por um representante da Secretaria do Meio Ambiente de Olinda. “O momento foi bastante produtivo, contando com a participação ativa dos adolescentes, conseguindo despertar o interesse dos mesmos pela fitoterapia e medicina popular”, conta o coordenador técnico do Case Vitória, Valdir Peixoto.
A atividade vem trazendo muitos benefícios para os adolescentes. Além de trabalhar a disciplina dos participantes, também vem tornando-os mais responsáveis. Com tudo isso, tem despertado interesse profissional em alguns dos alunos. “Fazemos a oficina como a simulação de um real ambiente de trabalho, com todos fardados, horários e tudo. Alguns meninos estão se destacando e demonstram interesse de se profissionalizar na área, o que é uma coisa muito boa”, comenta Mauro.
A oficina está crescendo. Neste momento, está sendo desenvolvida a ampliação da horta e a variedade de cultivo irá aumentar, com o plantio de berinjela, tomates e diversas espécies de alfaces e pimentas. Além disso, neste mês de setembro, será implantada a segunda etapa da proposta da oficina, na qual os adolescentes irão participar de momentos de discussão para definição do uso do orçamento oriundo da comercialização dos produtos, recebendo orientações sobre empreendedorismo.