Sem a presença do senador Fernando Bezerra Coelho e do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, o PSB de Pernambuco realizou, neste domingo (27), no Recife Praia Hotel, no Pina, o 14º congresso estadual que reconduziu o presidente estadual do partido, Sileno Guedes, ao cargo pelo triênio 2017-2020 e elegeu os 92 delegados para o congresso nacional, em outubro. O evento virou palco para a campanha de reeleição do governador Paulo Câmara em 2018. Último a discursar, ele foi recebido, sob os gritos “Paulo, de novo, governador do povo”. Contudo, as ausências expõem ainda mais o racha na legenda, que vive uma crise de identidade aos 70 anos.
No discurso, o presidente estadual reeleito deu o tom o evento. “Paulo, hoje este partido está reunido aqui para lhe dizer que quer você governador de Pernambuco de novo”, declarou Guedes. Os militantes, então, gritaram “Paulo, de novo, governador do povo”. “Para Pernambuco continuar no rumo certo, vamos reeleger Paulo Câmara governador”, concluiu ele.
Geraldo Julio cumprimentou Câmara classificando-o como “nosso líder” e disse que tinha honra em ser prefeito do Recife enquanto Câmara era governador de Pernambuco. “Neste tempo de dificuldade é que estamos vendo um novo líder em Pernambuco. Paulo Câmara está ensinando ao Brasil os ensinamentos de Eduardo Campos e Miguel Arraes”, declarou. “A nossa missão para 2018, de todos nós, é trabalhar todos os dias para eleger Paulo Câmara governador de Pernambuco”, acrescentou.
Além deles, esteve presente o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira – que em seu discurso disse que a “reeleição [de Paulo Câmara] é prioridade total do Partido Socialista Brasileiro” -, a ex-primeira-dama Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, e do filho e chefe de gabinete de Câmara, João Campos. Ao todo, 577 delegados compareceram ao evento.
Apesar da ausência do pai e do irmão – que estão em rota de colisão com a legenda e na iminência de migrar para outro partido -, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, compareceu ao congresso. A margem do embate interno, ele deve seguir o rumo com a família, mas vem tentando manter a relação com os correligionários, enquanto o senador e o ministro têm adotado tons mais críticos contra os socialistas. O grupo aguarda o resultado da reforma política, que tramita no Congresso Nacional, e a eleição interna do PSB para selar o destino. Candidatura ao governo estadual está no radar dos Coelho.
Dissidentes, FBC e Fernando Filho estão na ala do partido alinhada ao presidente Michel Temer (PMDB). O pai é vice-líder do governo no Senado e o filho, ministro. Juntos a eles, outros cerca de 15 parlamentares são pró-Temer. O partido, todavia, anunciou rompimento com o governo, tem direcionado críticas ao Palácio do Planalto e se posicionado contra as reformas empreendidas pelo governo. O caminho dos insatisfeitos deve ser o novo DEM, que deve se chamar Mude.
Siqueira contemporizou as ausências. “Cada uma responde pela sua ausência, não tenho, nesse caso, que achar nada. A ausência deve ser explicada por quem não pôde comparecer e não por quem marca presença”, disse.
Contatados pelo Blog do Diario, FBC e Fernando Filho afirmaram que não havia clima para participar do ato. “Com processos tramitando na executiva nacional solicitando a expulsão do partido de 16 parlamentares, inclusive quatro de Pernambuco, embora convidados, consideramos não haver clima para participar de eventos partidários até o desfecho desta questão”, disseram, em nota.
Em outubro, o congresso nacional do partido elegerá o novo presidente. Siqueira, que possui o apoio dos pernambucanos, e o vice-governador de São Paulo, Márcio França, aliado dos Coelho, disputam o comando da legenda. Atualmente, há uma disputa velada entre os grupos dos estados de Pernambuco – outrora mais forte – e de São Paulo, que ganhou força desde a morte de Campos e a ausência de liderança.
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Foto: Roberto Pereira/PSB