Uma articulação da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) junto à Receita Federal garantiu um passo importante para a concretização de um sonho que vem sendo compartilhado no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), numa parceria com professores e pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE): a fabricação de próteses em 3D para possibilitar mais qualidade de vida a animais mutilados.
Após ser contactada pela CPRH – órgão gestor do Cetas –, a Superintendência da Receita em Pernambuco levou a questão às outras Regionais e o êxito da iniciativa foi alcançado: por meio de um Ato de Destinação de Mercadorias (ADM), a Receita de São Paulo destinou uma impressora 3D Dee Green para incorporação/doação à CPRH. A mercadoria, apreendida ou retida em ação de combate ao contrabando, chegou esta semana ao Recife e, com ela, a pesquisa desenvolvida em parceria com a UFRPE avança. O Cetas Tangara é pioneiro no país nesta iniciativa.
Aproximadamente 5% dos animais silvestres que dão entrada no Cetas – muitos vítimas do tráfico – chegam mutilados, a maioria aves. São problemas nas asas, patas, bicos etc. Não são todos que poderão ganhar uma prótese – depende de cada caso -, mas alguns serão beneficiados. Atualmente, quatro animais fazem parte da pesquisa: dois jabutis que tiveram o casco queimado e dois gaviões carcará, um que perdeu a parte inferior do bico e outro que teve uma pata amputada.
Envolvida no projeto junto com a equipe do Cetas e o professor Fabiano Sellos, a professora e pesquisadora Maria Cristina de Oliveira Coelho, do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da UFRPE, destaca que o sonho está avançado e que a parceria está sendo reforçada. No caso do jabuti maior, de quase 9 quilos, o modelo do design para fabricação da prótese já está sendo finalizado, após as etapas de tomografia computadorizada, fotografias digitais em 360 graus e desenho da peça. O novo parceiro envolvido é o professor de Design Gráfico Rafael Suarez, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), que faz o trabalho com seus alunos.
Para o presidente da CPRH, Eduardo Elvino, o bom andamento do projeto é uma mostra de que é possível, com disposição, boas iniciativas e parcerias, fomentar práticas públicas que tragam resultados o mais rápido possível. “O Cetas Tangara foi inaugurado em dezembro de 2016 e vem se tornando um bom exemplo na atenção, trato e reabilitação de animais silvestres, grande parte vítimas do tráfico. É uma mostra que estamos no caminho certo”, disse. O balanço do Centro pernambucano é bem expressivo: só este ano, no período de janeiro a junho, acolheu 5.665 animais. No mesmo período, devolveu 3.974 à natureza.