O anúncio não foi feito. Nem há data para fazê-lo. Mas os sinais de que o grupo do senador Fernando Bezerra Coelho está perto de anunciar a saída do PSB estão ficando mais frequentes e com maior intensidade. Depois de o senador percorrer os municípios do Sertão do Estado afirmando estar desconfortável no partido, o ministro das Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), mostrou que a relação dentro do partido está esgarçada, a ponto de não lembrar quando teve um encontro de trabalho com o governador Paulo Câmara.
“Faz tempo que não tenho conversado com ele. Recentemente nos encontramos no casamento do prefeito de Petrolina (Miguel Coelho, PSB). (Encontro de trabalho) Já tem algum tempo. Estou tentando lembrar aqui, mas não consigo lembrar. Mas eu estou à disposição do governador e da administração para dar a contribuição”, revelou, em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, nesta sexta-feira (18).
Segundo o auxiliar ministerial, o tratamento dado pela Executiva Nacional do PSB foi o principal fator de desgaste na relação do seu grupo com a agremiação. Um desconforto que teve como principal motor a votação da reforma trabalhista quando Fernando Filho retornou ao Legislativo para votar à favor da proposta governista, contrariando a orientação da direção partidária que era contra a proposta.
A atitude levou o auxiliar ministerial, 15 deputados federais e dois senadores ao centro de um pedido de expulsão no Conselho de Ética do PSB. A ofensiva da direção nacional e os desgastes no Estado criaram um ambiente cada vez mais insustentável para o grupo dos Coelhos, que passou a adotar um discurso mais independente.
“O que gerou mais desconforto agora foi a forma e a reação em cima desses parlamentares. Na questão estadual se ressaltou alguns pontos aí, nós nunca estivemos representados no Governo do Estado, mas isso não é o mais relevante. A gente sempre buscou ajudar o Governo. Mas é vida que segue”, ponderou.
Ao ser questionado sobre sua nota para a atual gestão do Palácio das Princesas, Fernando Filho disse que não faz avaliações de governos, mas que ouve queixas na parte política sobre “falta de espaço, diálogo e formatação na política pública”.
Considerado a maior aposta do grupo dos Coelhos para a disputa de 2018, Fernando Filho afirmou que sua pretensão inicial é a reeleição, deixando no ar a possibilidade de um projeto alternativo.
“Sou muito feliz com meu mandato e, a princípio, sou candidato à reeleição. Não posso ser candidato nem a senador nem a presidente, porque só terei 34 anos na eleição (é preciso 35). Só posso ser candidato a deputado federal e a governador. Quem tá na vida, tem ambições, quem é vereador quer ser prefeito. O deputado estadual quer ser federal. O federal quer ser governador, o governador quer ser presidente, o gerente que ser diretor e por aí vai”, desconversou.
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Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco