O Pernambuco em Ação, cuja primeira rodada foi promovida de quinta a sábado nos Sertões do Pajeú, Itaparica e Moxotó, serviu para reforçar ainda mais o projeto eleitoral que se desenha para João Campos. Filho do ex-governador Eduardo Campos e chefe de gabinete do governador Paulo Câmara (PSB), ele integrou a mesa de autoridades do evento, mas não discursou em nenhum momento. Ainda assim, teve a oportunidade de interagir com lideranças políticas das regiões visitas, foi escalado para dar entrevistas em nome do governo estadual a rádios do Sertão e do Agreste e passou no teste de popularidade juntos aos sertanejos.
As declarações de João Campos obedecem ao mesmo roteiro de outros integrantes do primeiro escalão do governo estadual. Para a falta de ação da gestão Paulo Câmara em algumas áreas, a resposta sempre vem atrelada à crise econômica. O filho de Eduardo, que nas entrevistas não chama o ex-governador de pai, mas o trata pelo nome e, às vezes, pelo nome e sobrenome, reforça o discurso de que se o atual governador não emplacou mais projetos não foi por falta de competência.
“O Brasil está parado, mas Pernambuco não. O governador já investiu mais de R$ 2,8 bilhões. Esse investimento só perde para os dois primeiros anos do segundo mandato do governo Eduardo quando o Brasil crescia em ritmo chinês. Pernambuco crescia mais de 10% ao ano e o Brasil a 5%. O governador vem mostrando como é que se faz um governo com responsabilidade fiscal. Os maiores estados da federação não pagam os salários em dia. Aqui, estamos pagando e fazendo investimentos. Colocamos a educação do estado no primeiro lugar do Brasil”, disse, em entrevista à Rádio Jornal de Caruaru.
Questionado se o Pernambuco em Ação não seria uma espécie de campanha eleitoral de reeleição antecipada, João Campos defende Paulo Câmara em um discurso alinhado com o do próprio governador.
“Assim como Eduardo fez em 2009, com caravanas que percorreram várias cidades, o governador Paulo Câmara faz isso em outro formato. O grande interesse é ouvir e estar perto do povo. Só acertam aqueles que escutam o povo. Em tempo de crise, não dá para fazer tudo, mas o que é possível. Tem que ouvir o povo para saber o que é prioridade. Desde que o Brasil é República nunca houve uma crise tão grande”, avaliou.
Para João Campos, a prestação de contas do governo estadual é legítima. “Como o governador comunicou no ano passado, ele tem o interesse de andar todo o Estado este ano, mostrando tudo o que já fizemos nesses dois anos e três meses de gestão. Vamos mostrar o que foi feito, o que estamos fazendo e o que vamos fazer. No início do mandato, tivemos o programa Todos por Pernambuco e andamos as 12 regiões de desenvolvimento do estado e a partir daí criamos um diagnóstico das ações que deveriam ser feitas. Aqui estamos prestando contas e pactuando o que iremos fazer daqui pra frente”, sublinhou.
As declarações de João Campos mostram que ele fez o dever de casa e estudou os feitos do governo Paulo Câmara e Eduardo Campos. Mas nem sempre as perguntas seguem o script ao qual ele está acostumando-se a encarar. Em Afogados da Ingazeira, ele foi questionado pelo JC sobre o caso do jovem baleado por um PM em Itambé, na Zona da Mata. A resposta foi mais breve do que as que ele costuma dar quando é provocado a falar das ações socialistas.
“As autoridades responsáveis por isso já se pronuNciaram e estão tomando as medidas cabíbeis. Na secretaria de Defesa Social, isso está sendo bem conduzido pelo secretário Ângelo Gioia”, disse.
POPSTAR
Em qualquer canto do Estado, mas principalmente no interior, João Campos tem seus passos seguidos por pequenos grupos de admiradores, quase sempre formados por estudantes de escolas públicas. A maior parte das pessoas se aproxima do filho de Eduardo para pedir fotos e fazer menções elogiadas ao ex-governador. Há, também, muitos pedidos para que o chefe de gabinete de Paulo Câmara seja candidato em 2018.
Os aliados do governador afirmam que João não é apenas um “popstar” e destacam que ele está preparado para disputar a eleição. Os elogios sempre mencionam a capacidade de trabalho do filho de Eduardo. Os governistas disseram que ele teve um papel fundamental na organização do Pernambuco em Ação, fazendo a ponte com as lideranças políticas do interior.
Em Arcoverde, quando um grupo de estudantes da Universidade de Pernambuco (PE) cobrava ao governador melhorias da instituição, João Campos teve a iniciativa de descer do palanque para conversar com os alunos. Na próxima quinta-feira, inclusive, ele participará de uma reunião com os estudantes no Palácio do Campo das Princesas para tratar do assunto.
A capilaridade cada vez maior pelo Estado será a base para uma candidatura tida, pelos socialistas, como certa e natural à Câmara dos Deputados.
João Campos, numa outra prova de que cada vez mais incorpora o personagem político, desconversa sobre o assunto.
“Hoje sou chefe de gabinete do governador. Tenho muitas atribuições e temos muito o que fazer em Pernambuco. O nosso plano é continuar ajudando Paulo Câmara, ajudando nosso time a fazer uma bela gestão”, pontuou.
Informações do JC Online
Foto: Andrea Rego Barros