O reajuste salarial anunciado na última sexta-feira (3) pelo Governo de Pernambuco não agradou a Associação de Cabos e Soldados. A partir desta segunda-feira (6), dois meses após dar início à operação padrão, em que os policiais militares não estão cumprindo as jornadas extras, a entidade quer ampliar a “greve branca”. Desta vez, segundo o presidente do grupo, Alberisson Carlos, o movimento pode chegar aos PMs que fazem a guarda nos presídios e aos que cuidam da segurança patrimonial no Estado.
“Nós não vamos aceitar o aumento que foi dado. O governo está querendo empurrar goela abaixo. Não teve reajuste nenhum, o que há é um jogo de números por parte do governo. Nós já ganhávamos um valor acima do que está sendo anunciado. É o que se chama de conversa para boi dormir”, reclamou o presidente da associação.
Os reajustes apresentados em três vezes até o fim de 2018 chegam a cerca de 25%, no total, para subtenentes e coronéis, os topos das carreiras de graduados e oficiais na PM.
Enquanto o presidente da associação afirma que em maio deste ano os soldados vão acabar ganhando menos do que já recebiam, o subcomandante da Polícia Militar, coronel Adalberto Ferreira, defendeu o reajuste concedido pelo Palácio do Campo das Princesas.
Alberisson Carlos alega que, somando o soldo atual (R$ 2.319) à gratificação por risco de vida (R$ 500) e aos auxílios de transporte (R$ 400), agora incorporados ao salário, o valor já chegava a R$ 3.219 e eram acrescentados ainda R$ 246 para o auxílio alimentação.
Ferreira argumenta, por outro lado, que o reajuste tem que ser visto como um todo e não apenas a primeira parcela, programada para maio deste ano. Além disso, defende que serão criadas mais vagas para a promoção dos policiais, ampliando as formas de aumentar os salários e dando mais celeridade ao processo. Serão 300 novas vagas de subtenente, sendo 200 em 2017 e 100 em 2018, e 18 de coronéis, sendo 12 em 2017 e seis em 2018.
O comando da PM não foi informado oficialmente sobre a decisão da associação de ampliar a operação padrão. “Vamos buscar sempre o entendimento dos policiais de que as conquistas são positivas. Eles têm que ver a conjuntura como um todo”, afirmou o coronel Adalberto Ferreira.
Segundo o subcomandante da corporação, uma das medidas para prevenir problemas seria a readequação das escalas. “Nós somos militares, somos regidos por legislação especificas. Em casos de necessidade, como eventos de grande porte, eleições e Carnaval, podemos reduzir a escala (dando menos dias de folga entre um dia e trabalho e outro, por exemplo) e posteriormente dar folgas”, afirmou. Na semana passada, o comando da PM foi alvo de uma recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para evitar paralisações da categoria.
Haverá uma reunião nesta terça-feira (7) com o deputado estadual Joel da Harpa (PTN), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), para debater o projeto de lei do reajuste. A matéria deve ser enviada pelo governo estadual na tarde desta segunda-feira (6).
Blog de Jamildo
Foto: Guga Matos/JC Imagem