Com a chegada do verão, o Rio Tapacurá, que percorre a área urbana de Vitória de Santo Antão, tem enfrentado a seca e a poluição. Responsável pelo abastecimento da barragem de Tapacurá, situada em São Lourenço da Mata, que distribui águas para mais de 25% da Região Metropolitana do Recife e nos próximos meses também Vitória, o rio possui cerca de 70 km de extensão.
O Tapacurá possui três nascentes, nos municípios de Chã Grande, Gravatá e Pombos, ambas situadas na Serra das Russas. Ao longo de seu curso, cinco cidades são banhadas, sendo elas, Chã Grande, Gravatá, Pombos, Vitória de Santo Antão e São Lourenço da Mata. No trecho que percorre Vitória, já é visível a situação caótica que o rio enfrenta: o assoreamento e acumulo de lixo.
De acordo com Pedro Cavalcanti, professor de Geografia, uma massa de ar seco que estava sobre a região Nordeste tem dificultado a formação de chuvas nos últimos meses. “O período chuvoso na região da gente começa no final de fevereiro e vai até junho. Se esse período demorar a vir, pode ser péssimo. Aqui em Vitória, o Rio Tapacurá serve como um dispersor de efluente doméstico, bem como efluente de indústrias. O rio estando seco, a velocidade que esses efluentes saem do perímetro urbano vai ser menor”, destacou.
Ainda segundo o professor, com a redução da velocidade de saída dos efluentes, a matéria orgânica dentro da água aumenta, acarretando mau cheiro e morte de espécies de animais.
“Quanto mais o rio está assoreado, quanto mais poluído, ocorre o risco de inundação, porque quando o volume de água vem, ela não tem muito pra onde ir. O rio tem um período de vasão maior, que é na época chuvosa, e de vasão menor, que é na época de seca, como esse processo vem ocorrendo em um longo período seco é de se preocupar, principalmente pelos impactos socioambientais que uma inundação pode trazer”, contou.
RIO NATUBA TAMBÉM ATRAVESSA SECA
Um dos principais afluentes do Tapacurá, o Rio Natuba, na zona rural de Vitória de Santo Antão, também atravessa período critico. Berço de diversas atividades econômicas, como horticultura e policultura, o rio está seco e tem deixado os produtores rurais apreensivos. “A falta de água afeta diretamente diversas famílias de agricultores que dependem da água para cultivo das suas plantações de hortaliças”, enfatizou Valmir Santos.
PERSPECTIVA DE CHUVA
As águas no Pacífico estão mais frias nos últimos dias, o que favorece as chuvas no Nordeste, conforme explica Pedro. “Ainda precisamos esperar para saber como o Oceano Atlântico irá se comportar. Caso as águas no Atlântico Sul se aqueçam acima da média, poderemos ter um período chuvoso mais forte. O que acabaria com a seca que já dura cinco anos. Só nos resta esperar e torcer”, disse.