O Governo resolveu repetir a estratégia, adotada na segunda quinzena de dezembro, e também cancelar as férias dos servidores da segurança pública no primeiro mês de 2017. A medida vale para policiais civis e militares. Em nova portaria, a Secretaria de Defesa Social (SDS) torna a justificar a decisão pela necessidade de reduzir a criminalidade em Pernambuco. Mesmo com as Forças Armadas nas ruas, o número de assassinatos cresceu, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com o secretário, Ângelo Gioia, a situação no Estado é de anormalidade. “Vivemos a retratação de grande parte do efetivo, o que gerou a necessidade de reeditarmos a portaria. Não há nenhuma satisfação em retirar o período de férias. Porém, enquanto não alcançarmos números confortáveis para oferecer mais segurança ao povo, essas medidas estarão valendo”, explicou o gestor. Segundo ele, se faz necessária a permanência dos policiais em seus postos, durante esse período, já que a situação dos PJEs (Programa de Jornada Extra) ainda não foi resolvida. Os profissionais agora devem reprogramar o gozo, apenas a partir de março de 2017.
Permanece valendo a determinação como falta ou abandono de serviço para os profissionais que não cumprirem os seus plantões. O entrave entre as forças de segurança e o Governo do Estado, ainda segue sem solução. A PM mantém uma operação padrão, onde cobra reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Gioia nega a falta de diálogo. “A negociação sempre esteve aberta através dos comandos e depende da movimentação das associações. Nossa decisão decorre de uma necessidade pontual e de um momento criado por eles mesmos. Numa perspectiva futura de retorno da normalidade, talvez até na próxima semana, tudo poderá ser revisto”, assegurou. A SDS afirma que as situações excepcionais serão avaliadas individualmente.
Desaprovando a medida, representações da categoria ingressam, nesta segunda-feira, com medidas judiciais para tentar derrubar a nova regra. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Áureo Cisneiros, classificou a situação como desrespeitosa. “São trabalhadores que já tinham se programado com seus familiares e agora têm os seus direitos privados. Se o Governo tem como argumento a violência, que só tende a aumentar, os policiais não conseguirão gozar férias nunca”, disparou. Segundo ele, mandados de segurança, individuais e coletivos, pedirão a manutenção das férias. O presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS-PE), Alberisson Carlos, também criticou. “Fica clara uma retaliação contra trabalhadores que atuam o ano inteiro em condições insalubres e se recusam a vender as suas folgas. Nossos advogados já estão trabalhando.”
Folha de Pernambuco