A campeã em quantidade de obras paradas é a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), com 36. Em seguida, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), com 27. Quando o referencial é o valor dos contratos, a Secretaria das Cidades aparece com 12 obras estruturadoras no valor de R$ 1,135 bilhão.
O G1 entrou em contato com os órgãos citados, além da assessoria do governo do estado, mas não obteve resposta. A assessoria da Compesa informou que não pode comentar o assunto no momento.
Obras
Duas delas se referem ao projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe: o serviço de dragagem, que começou e não foi finalizado, e a implantação das sete estações fluviais, que sequer foi iniciada. Lançado com pompa em 2012, com a promessa de ficar pronto antes da Copa do Mundo e representando um investimento de R$ 289 milhões, o projeto simboliza o abandono que dá o tom do relatório do TCE.
A reportagem da TV Globo esteve em vários pontos da obra, em maio do ano passado e novamente este ano, e não encontrou máquinas nem funcionários trabalhando no modal de transporte público alternativo que prometia atender cerca de 300 mil passageiros por mês em 13 embarcações e duas rotas. Havia apenas tapumes, mato alto, lixo e focos de criação e reprodução do mosquito Aedes aegypti.
Há outras obras da Secretaria das Cidades que se encontram estagnadas, como o Ramal Cidade da Copa e a finalização do Corredor Leste-Oeste. Os terminais integrados da 3ª e 4ª Perimetral, na Avenida Caxangá, deveriam estar prontos há mais de dois anos. Seguem inacabados, sem nenhum serviço e sofrendo com as ações do tempo. O G1 esteve por lá em abril e se deparou com materiais de construção espalhados, lixo, focos de Aedes aegypti e muitos cigarros, tubos de cola e roupas velhas.
Outra obra que consta no relatório do TCE é o Laboratório de Genética Forense, de responsabilidade da Secretaria de Defesa Social (SDS). A construção teve início em 21 de dezembro de 2012 e deveria ter sido finalizada em 20 de abril do ano seguinte. Está parada desde 7 de janeiro de 2014.
No âmbito da Secretaria Executiva de Ressocialização, o presídio de Araçoiaba, anunciado para junho de 2015 e com 3.500 vagas, continua inacabado, enquanto as penitenciárias do Estado convivem com a superlotação. A Secretaria Estadual de Saúde também é alvo do diagnóstico do TCE, com 10 obras paralisadas, entre as quais a reforma e ampliação dos hospitais Barão de Lucena, Getúlio Vargas e Otávio de Freitas.
O diretor do Núcleo de Engenharia do TCE, Ayrton Alcoforado Júnior, explica que a principal finalidade do levantamento de obras paralisadas é pressionar os gestores públicos a retomar os serviços. “À medida que fazemos esse diagnóstico, fazemos um pedido de esclarecimento aos órgãos competentes e com isso a gente muitas vezes consegue retomar as obras. Esse é o nosso objetivo”, observa. “Uma obra sem fim é um recurso perdido. E esse órgão poder responsabilizado por isso”, arremata Alcoforado.
O G1 entrou em contato com a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) e segue tentando contato com os órgãos responsáveis pelas outras obras.
G1 Pernambuco
Foto: Reprodução/TV Globo