Comerciantes relatam mudanças e resistência para manter viva a tradição de comprar no local
Sem o advento dos supermercados, os mercados públicos e as feiras livres eram os locais para compras e vendas de alimentos e os mais diversos gêneros. Com a potencialidade do comércio de Vitória de Santo Antão, em 1961, o Governo Federal, através da Companhia Brasileira de Armazenamento (CIBRAZEM), construiu um amplo e moderno mercado-feira, na Praça da Bandeira, com inúmeros boxes. A grandiosidade da obra mostra sua importância. Quarto mercado público da cidade, hoje, um dos únicos em funcionamento, resiste ao tempo e busca superar os obstáculos.
O espaço, em 2008, foi batizado como Centro Comercial Luiz Antônio Maciel. Inaugurado festivamente em 1964, o Cibrazem, como é conhecido, sofre atualmente com a degradação. Com arredores invadidos, o local aguarda promessa de reforma. A intenção de quem negocia é a de manter a fonte de renda, mas, indiretamente, os comerciantes contribuem para manter viva a tradição de comprar em mercados públicos.
É justamente pela tradição que Agnaldo Gomes recebe visitas de antigos e novos clientes. Há trinta anos trabalhando no mercado, ele lembra de quando chegou para negociar no local. “Naquele tempo era mais organizado”, conta. “Falam em organizar, em reconstruir, mas até aqui não mexeram ainda não”, acrescentou.
O auge que teve o local é lembrado por quem frequenta. Carnes, verduras e cereais eram os grandes produtos vendidos no local, conforme lembra o funcionário público Reginaldo Barros. “Quando eu era garoto, vendia amendoim nessa região, e sempre entrava aqui. Era um mercado muito organizado. Nem sem camisa podia entrar aqui”, recordou. Hoje, funcionando de segunda a sábado, o centro comercial conta com uma diversidade de produtos, como tecidos, peixes, ervas medicinais e até bebidas.
Com ponto de negócio desde o início da década de 70, o comerciante Ivan Fernandes destacou que precisou reinventar seus produtos de vendas para se manter no Cibrazem. “Eu comecei com cereais aqui, porque antigamente se vendia muito. Depois, foi abrindo supermercados… foi abrindo supermercados, aí quando foi em 96 eu não aguentei mais, porque puxou os fregueses todinho. Fui e coloquei tecidos. E já tá cansando também”, externou.
Os compradores do local acreditam que a modernização do centro comercial poderia atrair mais movimentação aos boxes. “A organização daqui seria uma maneira de cativar a freguesia”, comentou a aposentada Maria da Costa.
Por Danilo Coelho e Victor Santos, do Blog Nossa Vitória
Fotos: Danilo Coelho