“É possível que em abril ou maio já saibamos se a vacina funciona ou não”, afirma o diretor do Instituto Butantan
De acordo com o cientista, a expectativa é que a vacina tenha proteção entre 80% e 90% dos sorotipos. “O que já temos das fases I e II é que a soroconversão é muito elevada. Agora, precisamos fazer o que estramos fazendo agora: vacinar 17 mil pessoas de todo o Brasil para ver efetivamente qual a porcentagem da proteção”, disse. Como o exame de sangue pesquisa anticorpos, leva um tempo entre a pessoa adquirir a doença e produzir os anticorpos – soroconversão, então, é quando o vírus passa a ser detectável através dos testes convencionais.
Em Pernambuco, 1,2 mil pessoas serão vacinadas durante os testes. Essa terceira etapa de testes clínicos da vacina envolverá o total de 17 mil voluntários de 13 cidades nas cinco regiões do País. Do total de participantes, 2/3 receberão a vacina e 1/3 placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem efeito. A finalidade é descobrir, a partir de exames, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu ou não a doença.
Os candidatos devem ser pessoas saudáveis entre 2 a 59 anos, que tiveram ou não dengue. Se atestado a aptidão, a pessoa será vacinada e acompanhada por cinco anos. Apesar do prazo de testes, Kalil afirma que não será preciso esperar todo o período para o lançamento comercial da vacina. “Vamos estudar durante os cinco anos para saber por quanto tempo temos uma memória imunológica da vacina”, informa. “É possível que em abril ou maio já saibamos se a vacina funciona ou não – pode ser que no verão do ano que vem a gente já tenha a vacina”, acrescenta.
No evento de lançamento do início da fase III no Recife, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou a possibilidade de já haver a vacina no próximo ano. “Depois deste verão, podemos ter já alguma possibilidade positiva para pedir o registro da vacina na Anvisa”, disse. Alckmin ainda comentou sobre a continuidade das pesquisas para envolver imunização contra outras arboviroses. “A proposta é que depois a vacina, depois, envolva também a zika.”
Já o governador Paulo Câmara comentou a importância dos estudos e da vacina. “Agora temos uma oportunidade muito importante de avançar efetivamente para termos uma vacina que possa ter uma prevenção adequada”, destacou.