Pular corda e andar de bicicleta já não são as brincadeiras mais comuns de estudantes em Vitória de Santo Antão, interior de Pernambuco. Por lá, criar engenhocas ligadas à robótica também faz parte do dia a dia de meninos e meninas.
Graças ao estímulo dos professores Marcos Azevedo e Vilma Maria, os alunos do 3º e 4º anos da Escola Municipal Manoel Domingos de Melo, no Sítio Oiteiro – apoiada também pelo programa Escolas Conectadas da Fundação Telefônica Vivo –, chegaram até a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), que teve sua primeira fase realizada no dia 19 de agosto, em Recife.
O orgulho e a emoção de participar da competição e ainda conhecer a capital são motivos de alegria para o Clubinho de Robótica, como é chamado o grupo de alunos selecionados para a competição. O contentamento fica claro nas palavras de dois dos oito participantes, José Élisson, de 10 anos, e João Vitor, de 8. “Foi maravilhoso e muito legal. Fiquei orgulhoso de ir para um lugar diferente. Eu competi com os outros meninos que estavam lá e trabalhei bastante na montagem dos robôs”, conta João, animado. Élisson completa: “Eu aprendi várias coisas interessantes junto dos meus amigos”.
O Clubinho não levou o prêmio final, mas fez bonito na hora de dar vida aos robôs. Sendo os mais jovens da competição, os estudantes não se intimidaram pela pouca idade e, contando com o apoio dos professores, “colocaram a mão na massa” para trabalhar na montagem das máquinas na frente dos avaliadores.
Para Vilma, docente do 4º ano, a participação de seus alunos deixou uma mensagem muito valiosa ligada à inclusão dessas crianças e de toda a comunidade em um cenário distinto do qual estão habituados: “Horizontes ampliados. Essa foi a marca que a viagem deixou para mim e creio que para todos os envolvidos. A visão de mundo desses meninos e meninas, que moram na zona rural, se transformou”.
Embora todo o trabalho desenvolvido dentro da escola seja sinônimo de inovação e desenvolvimento no aprendizado, fora dela há também um apoio extra que é dado tanto para os alunos quanto paras os próprios educadores. Um desses apoios, segundo o professor Marcos, é fornecido pela parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR). O Centro é responsável pela formação e auxílio dos educadores na hora de lidar com as tecnologias dentro da sala de aula.
Walquiria Castelo Branco é consultora do CESAR e retribui os elogios. Para ela, todo o trabalho desenvolvido na comunidade é gratificante. Walquiria, que acompanhou a participação dos alunos na Olimpíada Brasileira de Robótica, explica que, antes de tudo, a vitória é pessoal. “Os meninos e meninas que foram para Recife nunca saíram de Santo Antão, alguns deles nunca haviam visto e tido contato com determinadas situações. Ver a alegria, o entusiasmo e o brilho nos olhos deles, não tem preço”, diz.
A consultora ressalta ainda a importância de estimular todos os dias essas crianças, para que se sintam capazes de realizar algo diferente do que estão acostumadas. “Uma vez um garoto olhou para mim e disse: ‘mas eu não posso usar isso [se referindo a um tablet], isso é diferente do que existe na roça’. Ou seja, eles ainda não entendem a tecnologia e a conectividade como algo comum na rotina deles. Isso precisa mudar, precisamos estimulá-los cada vez mais. Temos de inserir essas ferramentas no dia a dia de escolas rurais”, finaliza.