Os 371 anos da Batalha do Monte das Tabocas foram lembrados em cerimônia pública na noite desta terça-feira (02) pelo Instituto e Geográfico da Vitória de Santo Antão (IHGVSA). A entidade realizou no Teatro Silogeu um ato solene para marcar a passagem de mais um aniversário da data histórica que foi marco da expulsão holandesa do território pernambucano, em 03 de agosto de 1645, numa briga marcada pela resistência dos soldados nativos e pelo encorajamento diante de um exército estrangeiro bem equipado.
O evento contou com a presença de representantes de diversos setores da sociedade local e buscou realçar a importância da ocasião histórica para o progresso do município, hoje, polo econômico e político da Zona da Mata do Estado. Oportunidade que serviu também para enaltecer o simbolismo presente na passagem deste dia. “É dever primordial desta unidade relembrar os fatos ocorridos naquela tarde de três de agosto de 1645 no sagrado Monte, berço da nossa nacionalidade. Lembro com respeito àqueles oficiais que tombaram na batalha. Em Tabocas formou-se o embrião do glorioso Exército Brasileiro”, discursou Pedro Ferrer, presidente do Instituto.
A noite também foi de homenagens a dois vitorienses que se destacaram em ações voltadas à cidade. Antônio Gonçalves Raposo Neto foi um deles: herdou a medalha “Djalma Raposo”, em homenagem ao seu pai, idealizador e cofundador do IHGVSA. Ao receber a comenda, Antônio Gonçalves agradeceu à direção da entidade pela escolha. “Eu estava nos braços do meu pai ainda criança quando ele decidiu fundar esse local. Estou muito agradecido”, disse.
Jubilado das atividades religiosas na semana passada, pastor Ozéas Correia, da Primeira Igreja Batista da Vitória, também foi lembrado na solenidade. Ele recebeu das mãos do Padre Clóvis Cabral – professor da Universidade Católica de Pernambuco – a homenagem pelos 36 anos de atividades religiosas e importantes serviços prestados ao município. “Estamos não nos despedindo de Vitória de Santo Antão, mas nos afastando da atividade pastoral [ele e a esposa]. Chegou a hora do descanso. É hora de parar um pouco e transferir para os outros as experiências que nos são tão boas”, referiu-se sobre a transferência do cargo ao pastor Antônio Sérgio, vindo da Igreja Batista Bethléem, em Vitória da Conquista. Ozéas também atuou no funcionalismo público, exercendo o cargo de Secretário Adjunto de Planejamento da Prefeitura Municipal da Vitória no 1º mandato do prefeito José Aglailson Querálvares, entre 2000 e 2004.
A solenidade teve seu momento literário com a professora e escritora Luciene Freitas, que recitou poemas de Martha de Holanda, mulher de destaque na sociedade vitoriense com obras literárias publicadas em jornais e revistas do passado, além de um livro de destaque chamado “Delírio do Nada”. Ela também foi a primeira eleitora a votar no Estado de Pernambuco e concorreu ao cargo de deputada em 1930. A vida de Martha, segundo Luciene Freitas – que já a narrou em livro de sua autoria – era polemizada porque ela tinha um comportamento ‘avançado’ para os padrões da época. Segundo os anais da história, em seu casamento, Martha Holanda colocou um menino despido para levar as alianças ao altar. O fato provocou furor entre os convidados e o padre que celebrou o matrimônio ficou perplexo. A escritora morreu em 1950.
Por Márcio Souza, do Blog Nossa Vitória