Herói em tantas ocasiões, o feijão voltou a ser o vilão na mesa dos brasileiros, fato que tem se repetido nas últimas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o último levantamento, o tipo mulatinho passou a custar, em média, 45,94% a mais, enquanto o preto ficou 34,23% acima dos valores apresentados no mês anterior. Em alguns estabelecimentos do Recife, o mulatinho é encontrado por R$ 15,58, enquanto o preto já está custando R$ 13,53. O que já estava ruim ficou ainda pior, pois o feijão preto vinha sendo uma saída encontrada pelas famílias em sua alimentação básica.
E segundo instituições do setor, as questões climáticas foram responsáveis pelo aumento do grão em todo País. “A falta de chuvas em algumas regiões, como também o excesso dela em outras áreas do Brasil, fez com que o feijão fosse o vilão na feira”, disse o presidente do Núcleo de Comunicação do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Gabriel Maciel.
Para o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), Marcelo Eduardo, no entanto, além do clima não ajudar, o Governo Federal vem sendo omisso com o setor e sabia que esses preços iriam subir uma hora. “Foram três tentativas de reunião, não fui recebido nenhuma vez para falar sobre o que estava acontecendo. Se o setor não é ouvido, esse tipo de situação acontece”, afirmou.
Acreditando que no inicio de 2017 o preço do grão deve cair, devido à produção que já começa em outubro, o presidente do IBRAFE fez um alerta. “Os produtores devem ter os mesmo incentivos por parte do Governo. Hoje, outros tipos de grãos, como o milho e a soja, têm mais incentivo e benefícios do que o produtor de feijão, que é um prato tradicional na mesa do brasileiro”, reclamou.
Para quem não vive sem feijão, há alguns hábitos que podem ser mudados. “Aquela família que consome cinco vezes na semana, pode diminuir para duas vezes, substituindo os alimentos”, aconselhou o economista Tiago Monteiro. Já para o também economista Gabriel Maciel, apesar de ser uma tradição, falta a consciência às famílias ao não saberem que podem influenciar o mercado. “O brasileiro tem que aprender que o dinheiro é dele. Se o feijão está caro, não compre. Isso força os produtores a diminuir os valores”, comentou Maciel.
Folha de Pernambuco