A empresa francesa Biosantech e o cientista Erwann Loret, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), apresentaram nesta quarta-feira (16) resultados preliminares de uma vacina curativa experimental contra o hiv – mostrando uma queda a níveis indetectáveis de células infectadas pelo vírus em alguns pacientes. “O principal resultado deste teste é que temos um efeito da vacina em células infectadas pelo hiv” (vírus da imunodeficiência humana). “Nós ganhamos 70 anos de terapia tripla para os pacientes”, disse Erwann Loret, cujos trabalhos serão publicados na revista Retrovirology. As terapias triplas, que atualmente permitem que o sangue tenha uma carga viral indetectável, não têm nenhum efeito, ou muito poucos, o número de células infectadas, que servem como reservatórios do vírus e provocam um aumento da carga viral logo quando o tratamento é interrompido na maioria dos pacientes hiv-positivos.
Num ensaio clínico realizado em um hospital de Marselha com 48 pacientes, divididos em quatro grupos (um grupo com placebo e três doses diferentes de vacina), nove pacientes apresentaram um nível indetectável de células infectadas 12 meses mais tarde. Preparada por Loret, a vacina atua contra a proteína Tat, produzida pela célula infectada pelo hiv e impede as defesas imunológicas de atacá-la. A molécula da vacina foi batizada TAT Oyi, em referência a um paciente do Gabão naturalmente resistente ao hiv, no qual se descobriu que esta proteína era capaz de gerar uma boa resposta imunitária. Outras investigações podem ser realizadas em breve em vários hospitais em todo o mundo
De acordo Loret, uma eventual cura da doença, sobre a qual se mostra prudente, só pode ser obtida através da combinação da vacina às terapias triplas para obter não só uma carga viral e um número de células infectadas não detectáveis, mas também uma diminuição da resposta imunológica, o que significaria “retroseroconversão”, ou seja, um retorno à condição seronegatividade. Esta retroseroconversão foi observada em apenas um paciente no mundo, Timothy Brown, chamado de “Paciente de Berlim”. Na sequência de uma leucemia, Brown passou por um enxerto de medula óssea, o que permitiu essa cura dificilmente reproduzível.
Da Agence France Presse.