Movimento, que prenunciou a Independência do Brasil, será lembrado com atividades culturais e educativas
O governador Paulo Câmara comandou, nesta segunda-feira (07.03), no Palácio do Campo das Princesas, solenidade em comemoração à Data Magna de Pernambuco, marcação que enaltece a Revolução de 1817. A celebração foi instituída em dezembro de 2007, pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), através da Lei nº 13.386, para destacar, em 06 de março, o movimento que prenunciou a Independência do Brasil. Além de recuperar recortes da história revolucionária dos brasileiros, o ato promove o resgate do espírito combativo do povo pernambucano. Após o hasteamento das bandeiras do Brasil, de Pernambuco e da Insígnia do Governador, o gestor se reuniu com a Comissão Organizadora do Bicentenário de 1817, onde foram apresentadas propostas para as festividades, que ocorrerão em 2017, dos 200 anos do levante estadual.
“No ano passado, constituímos uma comissão para conduzir os trabalhos dessa celebração. E, a partir de hoje, nós começamos efetivamente os preparativos para a comemoração. Falta um ano para a data e a gente quer fazer uma série de eventos que lembrem o esforço que foi feito por um Brasil independente, mais igual e que alcance a todos”, explicou Paulo, frisando ainda: “Pernambuco iniciou essa jornada, e temos que comemorar. Muitas pessoas lutaram por um Estado mais justo e por um Brasil menos desigual”.
Na reunião com o colegiado, instituído pelo Decreto 41.531/2015, o governador recebeu um documento contendo sugestões para o evento. Entre as proposições apresentadas estão a valorização da insurreição no conteúdo programático da disciplina de História da rede pública estadual, realização de concurso de redação para o Ensino Médio e produção acadêmica para nível superior. Além disso, foi sugerida a criação de um roteiro educativo, com visitas guiadas para estudantes, a publicação de textos extraídos de acervos locais, a realização de exposições, a criação da Sinfonia do Bicentenário e a organização de um seminário nacional em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Além das atividades culturais e educativas, o grupo propôs a recuperação de edifícios históricos, a exemplo da sede do Arquivo Público de Público Estadual, onde foram presos os líderes da revolta. Além do órgão, outros monumentos ganharão novas placas de identificação. O presidente da comissão, o secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, destacou a relevância do levante realizado em 1817, pontuando que o movimento teve um caráter diferente de outros episódios separatistas para a Independência do Brasil, em 1822. “Os historiadores são unânimes em afirmar: se o Brasil teve uma revolução, foi a de 1817, onde Pernambuco, de forma pioneira, deu o seu grito de independência e implantou a sua república”, sublinhou o gestor.
A comissão é formada por Marcelo Canuto, secretário executivo da Casa Civil; José Luiz da Mota Menezes e Margarida de Oliveira Cantarelli, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP); os deputados estaduais Ricardo Costa e Tony Gel; José Barros e Lúcio Rodrigues, representantes do Ministério da Cultura; Maria Quintas e Nilzardo Carneiro Leão, da Academia Pernambucana de Letras; Frederico Farias Neves e Marco Vinícius, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); Lêda Alves e Betânia Corrêa, da Prefeitura do Recife; Lucilo Dourado e Clarice de Melo, da Prefeitura de Olinda; e Maria Cristina Albuquerque e Paulo Santos, do Comitê Pernambuco 2017.
A solenidade contou com as presenças do presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o desembargador Leopoldo Raposo; do presidente da Alepe, o deputado estadual Guilherme Uchoa; dos secretários Pedro Eurico (Justiça e Diretos Humanos), Frederico Amâncio (Educação), César Caúla (Procuradoria), Alessandro Carvalho (Defesa Social), Ennio Benning (Imprensa), e Silvia Cordeiro (Mulher); do Defensor Público, Manoel Jerônimo; e da presidente da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), Terezinha Nunes, autora da lei que instituiu a Data Magna. Participaram ainda o comandante da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), coronel Carlos D´Albuquerque; o chefe da Polícia Civil, o delegado especial Antônio de Barros; o comandante dos Bombeiros, Manoel Cunha; e o chefe da Casa Militar, o coronel Eduardo Pereira.
HISTÓRIA – Liderada por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrade e Silva e do Frei Caneca, a Revolução Pernambucana de 1817 foi um levante de caráter emancipacionista, com o objetivo principal de promover a libertação brasileira da opressão da Corte Portuguesa. Os revolucionários planejavam implantar um regime republicano no Brasil e elaboração de uma Constituição. Inspirados pelas ideias iluministas, instalaram um governo provisório.
Dois meses após seu estopim, o movimento foi sufocado pelas tropas portuguesas, que cercaram a cidade do Recife por terra e mar, culminando com as prisões e as mortes de seus líderes. Mesmo derrotada, a revolução perpetuou ideias e colaborou com a Independência do Brasil, proclamada apenas cinco anos depois do levante pernambucano. Em 1917, no centenário da Data Magna, foi feriado nacional.
“Essa é uma data muito importante para a população, pois nós estamos dando continuidade aos preparativos para os 200 anos da revolução de 1817. Nós temos que manter viva essa data, que marcou Pernambuco como um Estado de ideias libertárias, e um Estado em favor do Brasil”, afirmou o governador Paulo Câmara. “Nós temos preservar e divulgar a nossa história para as próximas gerações”, completou.