Custo e tempo gasto para tirar documento é menor, representando alívio no bolso de usuários
Começa na próxima terça-feira (1°) a cobrança de habilitação para quem pilota “cinquentinhas”. Será preciso portar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou a Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC). Essa última foi regulamentada em dezembro pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e é mais barata que a primeira, mas, conforme a Associação Nacional dos Usuários de Ciclomotores (Anuc), não tem sido amplamente ofertada pelas autoescolas. Em Pernambuco, cerca de 70 mil pessoas podem ser prejudicadas, de acordo com a entidade, já que a multa para a falta do item exigido é de R$ 574,62. Os centros de formação de condutores (CFCs), porém, afirmam que a procura pelo documento tem sido praticamente nula.
A ACC é apontada como vantajosa não só para quem quer economizar, mas para os que querem ganhar tempo. A exigência foi reduzida para 20 horas teóricas e dez práticas. Já o preço está entre R$ 500 e R$ 600. Antes, as regras eram as mesmas que as da categoria A da CNH, que segue com carga de 45 horas teóricas e 20 práticas e preço entre R$ 700 e R$ 800. Por outro lado, a ACC só dá o direito de dirigir ciclomotores. “O que temos visto são candidatos preferindo a CNH, que serve para motos em geral, à ACC”, explica o presidente do Sindicato dos CFCs, Ygor Valença.
O representante, entretanto, confirma que poucas autoescolas já estão oferecendo o treinamento para a retirada do documento, mas garante que, se o público surgir, não haverá empecilho. “Em cidades do Interior, onde o uso de ciclomotores é grande, já há CFCs ofertando ACC. Não podemos é, em plena época de crise, gastar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil para adquirir ciclomotores para as aulas e não ter retorno. Mas o sistema já está aberto. Se candidatos aparecerem, adquirimos. Acredito, inclusive, que agora, com a fiscalização reforçada, isso vai acontecer”, argumenta Valença.
Já o presidente da Anuc, Léo Toscano, ressalta que, pelo fato de parte dos usuários de “cinquentinhas” serem de baixa renda, conseguir uma ACC é, sim, do interesse desse público. “A lógica está invertida. Os Detrans e as autoescolas têm até junho para se adequar, e o usuário, até segunda-feira. Deveria haver mais tempo. Conversamos com o Denatran para tentar estender o prazo. Essas pessoas não podem ser penalizadas”, diz.
Folha de Pernambuco
Foto: Felipe Ribeiro/Arquivo Folha