Crescimento foi estimado em 13% no ano de 2015
O desafio para o ano que começa não é pequeno: reverter uma curva ascendente estimada em 13% no número de mortes violentas somente de 2014 para 2015. “Pernambuco era um ponto fora da curva na questão da segurança, e voltou a ser um ponto igual a todos. Nosso esforço vai ser incansável no sentido de voltar a fazer com que o Estado seja um ponto fora da curva”, disse Paulo Câmara, em entrevista concedida ao JC no final do ano passado.
Para tirar Pernambuco da curva, a máquina terá que moer no ritmo em que moía em 2013, com o Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco crescendo 2,9% e com a onipresença do então governador Eduardo Campos à frente do governo. O cenário hoje é diferente: o Estado teve uma queda de 2,5% no PIB em 2015 e fechou o ano com 70 mil desempregados. “A crise econômica tem reflexos na criminalidade, e é por isso que nosso trabalho tem que ser ainda mais eficaz”, comenta o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho.
A outra parte de mais um ano ruim na segurança do Estado foi colocada pelos gestores na conta da movimentação sindical de agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil. Eles protagonizaram uma operação padrão que começou em julho e só foi contornada no início de dezembro de 2015, quando houve acordo entre as partes. “Ocorreu uma redução na oferta de serviços de segurança à população e isso teve reflexos nos índices de criminalidade”, diz Carvalho.
Para 2016, o governo aposta em ações de inteligência policial e na troca de postos de comando nas polícias Civil e Militar para retomar a redução da criminalidade. “Temos informações sobre a dinâmica dos crimes. As mudanças em diretorias das corporações são normais e vão ajudar a oxigenar a máquina”.
Retomar o caminho da redução de homicídios é evitar dores como a do agricultor Josenildo Lima de Assis, cujo irmão de apenas 15 anos, entrou para as estatísticas de mortes violentas no Estado em 2015. Colhido pelo turbilhão em que se misturam vulnerabilidade social e uso de drogas, o jovem foi assassinado em Belo Jardim, no Agreste, na noite do último domingo, 27 de dezembro. Não se sabe a autoria do crime. Ele era o caçula de uma família de 11 irmãos. “A gente sabia que ele se envolvia com drogas e com amizades estranhas. Passava muito tempo sem ir em casa. Mas a gente nunca imagina que uma coisa dessas vai acontecer”, disse Josenildo, enquanto esperava pela liberação do corpo do irmão, na última segunda-feira, no Instituto de Medicina Legal (IML), bairro de Santo Amaro.
JC Online