Em busca de novos mercados consumidores, empresários pernambucanos enxergam na exportação uma alternativa para ampliar os negócios e aumentar o faturamento. De cosméticos a cachaça, passando por vestuários e calçados, eles miram na ampliação de horizontes uma alternativa para aumentar a visibilidade da marca. Com a alta do dólar, a venda para destinos internacionais enche os olhos. Mas quem tem experiência na área alerta que a relação com o fornecedor estrangeiro é uma espécie de “namoro” e que o retorno não vem em curto prazo. Cautela e planejamento são vistos como aliados no momento de cruzar a fronteira. Para especialistas, as dificuldades de logística e o medo do “desconhecido” são apontados como fatores que afastam os empreendedores do mercado internacional.
Há 45 anos com presença no mercado exterior, a Pitú, localizada em Vitória de Santo Antão, desbravou primeiro a Europa. Desde os anos 70, a Alemanha virou mercado cativo, destino de 29,58% das exportações do Brasil, em 2013, e de quase 78% da estadual, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A coordenadora de exportação da empresa, Leila Lopes, explica que o comprador germânico é responsável pelo envase e distribuição da cachaça para toda a Europa. Porém, antes de conquistar mercados estrangeiros, são necessários ajustes à cultura de cada País. A apresentação do produto e a adequação às características locais são vistas como diferenciais para a consolidação da marca no exterior. No caso da Pitú, o destilado ganhou rótulo e embalagem especial para conseguir ganhar o mundo.
A Pitú também chega diretamente, embora em volumes muito menores, ao Chile, México e em mais de 40 países. A bebida já rodou o globo e chegou ao mercado chinês e libanês, porém por causa do período de guerra na Síria as relações comerciais do País foram prejudicadas. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de Pitú, depois da Alemanha.
Quanto à entrada em outros mercados, Leila explica que é montado um orçamento anual para ampliar a presença no exterior.
“Para 2015, a gente busca expandir o mercado. Acreditamos muito no mercado internacional. Acreditamos que vai ter uma hora que a cachaça vai ter esse boom, mas é muito em longo prazo”, observa Leila.
Em Pernambuco, a exportação de cachaça, rum e aguardente ocupa a 34ª posição em volume de investimentos. Ano passado, o setor exportou 2,3 milhões de litros do destilado, ao custo de US$ 2 milhões.
Há 12 anos capitaneando a coordenação de mercado internacional, a coordenadora da Pitú considera a cachaça um produto fácil de exportar. “O que torna difícil é a dificuldade de entrar nos mercados e a questão logística. A estrutura que temos no Brasil encarece bastante. Tem países com interesse em fazer teste de mercado, mas é inviável mandar de avião, fica oneroso enviar a carga para o Porto de Santos e em Suape não vamos encher um container com poucas caixas. Então, perdemos negociações pela falta dessa logística”, lamenta.
“Exportação ainda é uma operação cara no geral e é preciso ter preço competitivo. Por isso é essencial entender que o retorno não vem no curto prazo. Imagina ter que concorrer com a China? Por isso, a cultura de exportação ainda é difícil aqui, porque tudo é muito caro. A gente [na Pitú] ainda consegue dissolver porque temos à frente a parceria comercial com a Alemanha”, analisa a coordenadora da Pitú.
Saindo do ramo da cachaça e ingressando no setor da beleza, a Rishon Cosméticos, cuja fábrica está localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife, está há quatro anos com presença internacional. Entre os produtos enviados estão a escova progressiva, shampoo e hidratação. De olho na miscigenação de mulheres em todo o mundo, a agente de exportação da marca, Renata Garcia, explica que a Rishon exporta os itens para África do Sul, Itália, Líbia e Polônia.
Quanto aos lucros, a gerente explica que o retorno financeiro ainda é pequeno, mas que o marketing da empresa sai muito valorizado ao ter maior representatividade no mercado internacional.
Para o futuro, Renata explica que a Rishon mira o mercado dos Emirados Árabes, considerado o melhor para a área de cosméticos. A rica região do Golfo Pérsico, porém, é difícil de entrar por causa dos entraves para conseguir os registros para exportar os produtos, diz ela.
Nascida em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano, a Iska Viva está no mercado há mais de 31 anos no ramo de moda praia. Faz uma década que os produtos são vendidos para fora do Brasil. Pela característica sazonal das peças, visto que a demanda só existe quando é verão, a exportação não é prática corriqueira, explica o gerente comercial, Fábio Quintiliano.
Ele pontua que o maior obstáculo que encontra na área é conseguir que o cliente conheça o produto e confie no fornecedor. “Já conseguimos colocar nossos produtos na Espanha, Uruguai e Panamá”, exemplifica.
Sobre as características das peças para se adequar ao modelo de fora, o representante da marca explica que a empresa tentou enquadrar a modelagem aos mercados europeu e americano, “mas eles queriam mesmo era o modelo brasileiro”, brinca. Atualmente, apenas 1% do faturamento da empresa é fruto de exportação.
“Exportar é um trabalho que você precisa estar ‘namorando com o cliente’, manter vínculo, até fechar o pedido, mas fica a negociação em longo prazo. Nossa meta é atingir de 15 a 20% da produção para exportar”, diz. Em números absolutos, o gerente conta que, por ano, a Iska Viva vende aproximadamente 1.500 peças para o mercado internacional. Dentro do Brasil, são mais de 100 mil peças por ano.
Acompanhado de perto o processo de exportação da Iska Viva, a gerente de comércio exterior da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Ivone Malaquias, explica que o envio de peças para o exterior não significa que a empresa está com o processo estruturado, uma vez que a venda é feita de maneira espontânea e pontual. “Eles vendiam com demanda espontânea, mas agora eles estão com uma venda para Portugal que já é resultado do esforço estruturado da empresa. Já é uma estratégia de negócio. Ele já foi buscar o cliente lá fora, em rodadas de negócios”, observa. “O PNE (Plano Nacional de Exportação) se propõe exatamente a aumentar o percentual e abrir novos mercados”, afirma.
PASSAPORTE – No rastro de um momento econômico difícil e com os faturamentos das empresas em queda, o Sebrae em Pernambuco criou o curso Passaporte para Exportação. A primeira turma encerrou as atividades na quinta-feira (23). Com a intenção de capacitar os empresários e potenciais exportadores, desde a definição do produto a ser exportado até a entrega ao importador, o programa foi composto por 13 encontros e uma visita técnica ao Porto de Suape. Passada a teoria, será dada consultoria individual para analisar a entrada dos produtos no mercado internacional.
Com frustração no faturamento de 2015, logo após ampliar a linha de produção, o empresário Rubem Martins, um dos proprietários das lojas Dona Rosa, que comercializam calçados e bolsas, conta que o interesse em investir no mercado exterior veio do encolhimento do mercado interno.
O empresário explica que havia feito um investimento e a expectativa era de crescimento de 20% a 30% no faturamento em 2015.
“Vínhamos num mercado crescente, aquecido, com demanda alta, então fizemos investimento em melhoria na fábrica. Tiramos empréstimo no Banco do Nordeste para reforma de galpão, investimento em mercadoria, mas o que aconteceu é que o mercado se retraiu. Então, nesse momento, o que acontece é justamente procurar novos mercados. Com essa crise, o mercado deu uma encolhida e a alta do Dólar favorece muito a gente a exportar”, explica Martins, que participou da capacitação do Sebrae.
Pensamento recorrente entre muitos empresários, independente do porte da empresa, a exportação ainda é vista como “bicho de sete cabeças”. Martins confirma a tese, mas explica que o curso ajudou a desmistificar parte das inseguranças.
“Aprendemos sobre as ferramentas para as pesquisas. São mecanismos para a gente aprender sobre o nosso produto. Temos que fazer uma pesquisa bem específica. Ele nos deu as ferramentas e disse como fazer para pescar”, exemplificou. Planejando o futuro, o empresário diz estar ciente que o retorno não será imediato, mas pondera que para iniciar o processo de exportação é preciso dar o primeiro passo. Em setembro, ele embarca para Natal, onde participa de uma rodada de negócios internacionais.
As empresas que participam da formação do Sebrae fazem parte do Projeto Inserção Competitiva – Pequenos Negócios no Mercado Internacional ou possuem mais de 2 anos de existência com produtos exportáveis e tem faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões ou R$ 7,2 milhões.
PASSAPORTE – No rastro de um momento econômico difícil e com os faturamentos das empresas em queda, o Sebrae em Pernambuco criou o curso Passaporte para Exportação. A primeira turma encerrou as atividades na quinta-feira (23). Com a intenção de capacitar os empresários e potenciais exportadores, desde a definição do produto a ser exportado até a entrega ao importador, o programa foi composto por 13 encontros e uma visita técnica ao Porto de Suape. Passada a teoria, será dada consultoria individual para analisar a entrada dos produtos no mercado internacional.
Com frustração no faturamento de 2015, logo após ampliar a linha de produção, o empresário Rubem Martins, um dos proprietários das lojas Dona Rosa, que comercializam calçados e bolsas, conta que o interesse em investir no mercado exterior veio do encolhimento do mercado interno.
O empresário explica que havia feito um investimento e a expectativa era de crescimento de 20% a 30% no faturamento em 2015.
“Vínhamos num mercado crescente, aquecido, com demanda alta, então fizemos investimento em melhoria na fábrica. Tiramos empréstimo no Banco do Nordeste para reforma de galpão, investimento em mercadoria, mas o que aconteceu é que o mercado se retraiu. Então, nesse momento, o que acontece é justamente procurar novos mercados. Com essa crise, o mercado deu uma encolhida e a alta do Dólar favorece muito a gente a exportar”, explica Martins, que participou da capacitação do Sebrae.
Pensamento recorrente entre muitos empresários, independente do porte da empresa, a exportação ainda é vista como “bicho de sete cabeças”. Martins confirma a tese, mas explica que o curso ajudou a desmistificar parte das inseguranças.
“Aprendemos sobre as ferramentas para as pesquisas. São mecanismos para a gente aprender sobre o nosso produto. Temos que fazer uma pesquisa bem específica. Ele nos deu as ferramentas e disse como fazer para pescar”, exemplificou. Planejando o futuro, o empresário diz estar ciente que o retorno não será imediato, mas pondera que para iniciar o processo de exportação é preciso dar o primeiro passo. Em setembro, ele embarca para Natal, onde participa de uma rodada de negócios internacionais.
As empresas que participam da formação do Sebrae fazem parte do Projeto Inserção Competitiva – Pequenos Negócios no Mercado Internacional ou possuem mais de 2 anos de existência com produtos exportáveis e tem faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões ou R$ 7,2 milhões.