O projeto de lei 2153/2014, que regulamenta a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios de futebol pernambucanos a partir de duas horas antes do início das partidas, foi publicado no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (20). O texto, de autoria do deputado estadual Antônio Moraes (PSDB), deve ser votado na Assembleia Legislativa até o fim do ano, depois de ser analisado por cinco comissões da casa. A proposta é a mesma apresentada por ele em 2012 – na ocasião, o político decidiu abortar a decisão de levá-la à votação por reconhecer que seria derrotado.
O que motivou o deputado Antônio Moraes a reapresentar o projeto de lei foi uma espécie de dossiê entregue a ele pelo presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, que o visitou há poucas semanas acompanhado por dirigentes de Sport e Santa Cruz, além de representantes da Arena Pernambuco. O documento continha um estudo que não associa álcool e violência nos estádios de futebol, assim como notícias sobre a liberação da venda de bebidas alcoólicas em outros Estados (Bahia, Rio Grande do Sul e Maranhão, por exemplo).
“A visita de Evandro e outros dirigentes só reforçou o meu entendimento de que a violência nos estádios pernambucanos não tem nada a ver com as bebidas alcoólicas. Por isso, decidi reapresentar o projeto agora. Acredito que, desta vez, ele será aprovado”, comentou o deputado Antônio Moraes. “Os arredores dos estádios viraram verdadeiros bares a céu aberto. Como sabem que não poderão beber no interior dos estádios, vários torcedores ‘enchem a cara’ no lado de fora e ficam bêbados antes mesmo de a bola rolar. Não é pior?”, indagou.
O presidente da FPF disse que está trabalhando com afinco para que o projeto de lei seja aprovado na Assembleia Legislativa, seguindo o que chamou de “tendência mundial de liberação das bebidas alcoólicas nas praças esportivas”. Segundo Evandro, está provado que não há qualquer relação entre álcool e violência nos estádios. Ele ainda elencou vantagens financeiras que os clubes terão com isso. “Os clubes ganham financeiramente, tanto pela renda proveniente da comercialização das bebidas nos bares como com os patrocínios das empresas de bebidas. São duas receitas importantes para as nossas equipes e que não podemos nos dar ao luxo de abrir mão”, comentou Evandro.
A venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios pernambucanos estava proibida desde janeiro de 2009. Liberá-las a partir do ano que vem representaria um retrocesso na visão do juiz do Juizado do Torcedor de Caruaru, Marupiraja Ramos, que vem capitaneando a luta na esfera jurídica para acabar de uma vez por todas com as torcidas organizadas no Estado. “A experiência que tenho no futebol me faz ser totalmente contrário a esse projeto. A maioria dos casos de violência nos estádios tem a ver sim com torcedores que consumiram álcool antes ou durante os jogos. Os clubes são a favor porque estão pensando apenas em seus cofres em detrimento da segurança das pessoas”, comentou Marupiraja.