Portal na internet abrigará informações de crianças e adolescentes em 19 países
Foto: Wagner Ramos/Folha de Pernambuco |
Uma nova ferramenta, que promete dar esperança aos familiares de crianças e adolescentes desaparecidos na América Latina, será lançada, nesta sexta-feira (18), pela Comissão de Assuntos Sociais do Conselho Federal de Medicina. O projeto é um portal de busca que vai agregar informações de pessoas que sumiram no Brasil e em outros 18 países. A iniciativa pioneira tem a missão de suprir as falhas dos governos em avançar no tema, estabelecer políticas públicas e dar visibilidade ao problema da falta de dados oficiais. Estimativas da Unicef apontam que 1,2 mil crianças e adolescentes somem por ano no mundo.
A ideia do site desaparecidos.org surgiu em 2011, durante uma reunião da Confederação Médica Latinoamericana e do Caribe, ocasião em que foram debatidas a situação de violência, abuso sexual e tráfico de pessoas. À época, começou a se delinear o projeto, que tinha como pilares dados do Ministério da Justiça, que seriam disponibilizados para as polícias Federal, Civil e Militar, Infraero e imprensa. Mas a proposta não andou. “O site do Ministério não é atualizado há dois anos”, reclamou o conselheiro e médico Ricardo Paiva.
O cadastro nacional tem, hoje, apenas 313 casos registrados. O número é irreal quando se observa o relatório da CPI de crianças desaparecidas, concluído em 2010, e que aponta 50 mil notificações por ano. Em Pernambuco, por exemplo, só estão cadastradas quatro crianças. Neste cenário de subnotificação, Paiva identificou a urgência da questão. “Com os relatórios descobrimos que a coisa era muito pior do que imaginávamos”, disparou. “Não vejo interesse do Governo Federal. Foi um trabalho legal, mas frustrante”, avaliou a relatora da CPI, a deputada federal Andreia Zito, sobre as recomendações que nunca foram cumpridas, a exemplo da popularização de delegacias especializadas.
Pernambuco tenta dar foco às investigações, coma Divisão de Desaparecidos do Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente, mas o problema de pessoal inviabiliza um trabalho eficaz. A divisão conta apenas com uma pessoa para gerenciar as cerca de 300 notificações anuais. No Estado, apesar das dificuldades, o percentual de reencontro é alto: 90%. O índice se deve, em grande parte, ao trabalho incansável de quem está na ponta do sofrimento: os próprios familiares.