Cinco correntes petistas, entre elas a CNB, entregam os 25 cargos que ocupam no governo do Estado. Medida é em resposta à aliança Eduardo-Marina Silva
“Saímos para ficarmos mais à vontade”, explica o senador Humberto Costa |
Em uma decisão que, como de praxe, não representa a totalidade do partido, a tendência petista Construindo um Novo Brasil (CNB), ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff, anunciou ontem que está deixando os cargos que ocupa no governo de Pernambuco. “Saímos para ficarmos mais à vontade para fazer a defesa dos legados do PT. Para lembrar que os investimentos que o governo do PT fez neste Estado e que as conquistas apresentadas são fruto, principalmente, do empenho dos governos do PT”, afirmou o senador Humberto Costa, principal nome da legenda no Estado.
A CNB sairá acompanhada por outras quatro tendências: Articulação de Esquerda, Mensagem ao Partido, Coletivo PT para Todos e Esquerda Popular Socialista. De acordo com Humberto Costa, esse grupo ocupa 25 cargos comissionados no Executivo estadual.
Durante o anúncio, estavam presentes o deputado federal João Paulo, o deputado estadual Manoel Santos, o candidato da CNB a presidente do PT estadual, Bruno Ribeiro, e o presidente do partido, Pedro Eugênio. Este último fez questão de salientar que sua presença no evento era apenas como “militante”. “Nesta segunda-feira é que faremos a reunião do diretório para que tenhamos uma posição de partido. Estou aqui como militante do PT. Queremos garantir o livre debate do contraditório”, disse Eugênio.
Manoel Santos deixou claro que o PT não pretende exercer uma oposição sistemática a Campos na Assembleia Legislativa. O mesmo discurso foi adotado pelo líder socialista há um mês, quando o PSB deixou a base da presidente Dilma. “Vamos discutir ponto a ponto o que for do interesse do Estado. Tomamos esta decisão para podermos nos posicionar politicamente. Mas não vamos nos opor caso Eduardo busque um entendimento com o PT”, destacou.
João Paulo destacou que houve um entendimento de que a união Marina Silva-Eduardo Campos mudou a conjuntura e que PT está reagindo a essa mudança. “Essa foi uma posição (do PSB de romper com o governo) unilateral. É preciso vermos que se desmanchou um conjunto de forças e que o desfecho dessa ruptura só poderá ser compreendido se olharmos o que as gestões de Lula e Dilma fizeram pelo Estado”, disse.
Com a posição, a CNB atende a um combinado com o ex-presidente Lula, feito na semana passada. Também coloca em prática a estratégia da defesa do legado petista, buscando isolar o PSB, com o intuito de neutralizar o discurso de bom gestor que Campos propaga.