Foto: A Voz da Vitória |
O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), em Vitória de Santo Antão, promoveu na noite dessa sexta-feira (05), no Auditório das Faculdades Integradas da Vitória – FAINTVISA, no Bairro do Cajá, um encontro com os filiados e convidados para discutir a Reforma Política, coordenado pelo advogado Aristides Félix Júnior. Dos parlamentares anunciados, apenas o ex-prefeito do Recife e Deputado Federal João Paulo (PT) compareceu. Já Fernando Ferro enviou Maurício Lache para o debate em razão deste no mesmo horário está participando de uma reunião da bancada com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.
A Profa. Clícia Roberta, vice-presidenta local da sigla, abriu o debate fazendo uma análise das últimas manifestações ocorridas no País, avaliando o contexto histórico de como o povo brasileiro se insere nesta nova realidade democrática e fazendo críticas a algumas posições tomadas pelos manifestantes no tocante ao papel dos partidos e o tamanho das representações políticas nos diversos parlamentos. Saiu em defesa do plebiscito para que a população opine, afirmando que as mudanças na legislação política só acontecerão se o povo continuar fazendo o enfrentamento nas ruas. Fez uma auto reflexão do PT e saiu em defesa de Lula e de Dilma. “O Brasil tem avançado muito na distribuição de renda, no desenvolvimento econômico e no reconhecimento internacional. Mas pode avançar muito mais. Para isso falta um sistema político mais democrático, que represente melhor todos os segmentos da sociedade e ajude o País a ultrapassar os entraves ao nosso desenvolvimento social e econômico. O PT defende mudanças profundas na política brasileira”, pontuou.
Para o advogado Jairo Medeiros, presidente do PCdoB de Vitória de Santo Antão, convidado para a Mesa, ele destacou que a questão de gênero deve ter um tratamento diferenciado na Reforma Política, atestando que historicamente quando o papel social e político da Mulher avançam consequentemente as nações avançam. “Queremos que as cidadãs e os cidadãos participem mais das decisões e acreditem que os governos e parlamentares vão exercer seus mandatos de acordo com os projetos debatidos e escolhidos nas eleições. As mulheres precisam ter o espaço na política que é delas por direito, assim como os outros segmentos sub-representados. É necessário também haver mais igualdade, transparência e economia de recursos na disputa pelos cargos públicos”, defendeu Jairo.
Para Maurício Lache que pontuou uma série de questões debatidas no momento no Congresso Nacional, a exemplo do Voto Distrital, Lista aberta e Fechada, Voto Facultativo e Financiamento Público das campanhas, colocam os partidos de esquerda na condição de ampliar o debate com a sociedade, pois segundo ele a elite conservadora não tem interesse pela Reforma. “Uma transformação desse porte enfrenta obstáculos enormes. O pensamento oligárquico, preconceituoso e autoritário, que teve seu auge na ditadura, ainda é forte em nossa política. Além disso, os interesses especulativos e de alguns grupos com grande poder econômico, que têm seus lobbies muito bem entrincheirados no jogo político, tentarão barrar mudanças que reduzam seu poder de influência”, avaliou.
João Paulo lembrou que a pauta da Reforma Política já era presente no Governo Dilma Rousseff desde o dia da sua posse quando ela falou no seu discurso, porém segundo ele, o governo Federal não teve condições de acelerar o debate no Congresso até o momento que a população foi às ruas. Atestou que o governo está ciente de que o Plebiscito é o caminho para envolver todos neste debate, pois sem esta condição dificilmente os parlamentares em Brasília se preocuparão em fazer uma Reforma plena. “Temos a convicção de que é possível e necessário avançar. Por isso elegemos como prioritários o financiamento público exclusivo de campanhas, o voto em lista preordenada, o aumento da participação popular e a maior participação das mulheres na vida pública”, destacou o ex metalúrgico.
João Paulo ainda defendeu que os mandatos nos parlamentos não sejam superiores a dois exercícios legislativos. “Conseguimos aprovar no Congresso do PT de que todos os nossos parlamentares em sua atual função só possam exercer até três mandatos consecutivos, evitando o continuísmo exagerado da nobre representação popular”, salientou.
Foi notada a ausência no evento do empresário Jailton Albuquerque, atual presidente da sigla em Vitória, sinalizando que o PT local vive um dilema interno. Devido ao pouco tempo, o debate não conseguiu aprofundar em nenhum dos pontos da Reforma, pois há de considerar que as principais questões da Reforma Política são complexas. “É importante destacar que os atuais atores políticos não demonstram interesse pelo debate da Reforma Política. Um exemplo é aqui em Vitória. O PT foi o único até o momento a convocar as pessoas para este debate”, falou Aristides, fazendo questão por mencionar o fato. O deputado João Paulo finalizou afirmando que a verdadeira Reforma Política passa necessariamente pelo amadurecimento político da população brasileira. “Estamos avançando! Os protestos dos jovens vistos recentemente sinalizam este caminho”, destacou.