Estiagem provoca queda em torno de 50% da produção do milho de sequeiro estadual, que depende da chuva, e traz expectativa da alta de preço
Foto: Fabio Rafael
Um dos tradicionais protagonistas do São João no Nordeste, o milho este ano deve ficar 25% mais caro, na comparação com o ano passado. A seca que afeta a região impacta na produção do milho de sequeiro, o que é irrigado com a água da chuva e complementa a oferta do produto. Por mais que 90% sejam provenientes de agricultura irrigada, o problema é que a estiagem provocou uma queda em torno de 50% da produção do milho de sequeiro estadual, segundo o diretor técnico do Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), Paulo de Tarso. No ano passado, a safra já teve uma queda de 25%.
Pela perspectiva da Ceasa-PE, a “mão” de milho (equivalente a 50 espigas) poderá ser vendida por até R$ 30, enquanto no São João de 2012 o preço médio ficava entre R$ 20 e R$ 25. “Este ano, pode ser que a mão de milho fique entre R$ 25 e R$ 30. A seca afeta a produção do milho irrigado com a água da chuva, cerca de 10% de toda a produção do período junino”, explica Paulo de Tarso.
“O Nordeste todo teve a produção comprometida, é possível que esse percentual também se reflita em outros Estados”, diz Paulo. O diretor técnico ressalta que ainda é cedo para saber se o impacto nos preços poderá ser ainda maior, já que a demanda pelo produto se acentua nas primeiras semanas de junho, embora o ciclo junino tenha início desde maio.
“A seca prejudica o milho de sequeiro, que é comprado para engrossar a oferta do produto. A produção menor impacta no preço, mas teremos uma ideia mais clara de quanto poderá ser o impacto a partir de 10 de junho, quando aumenta o consumo de comidas de milho”, sinaliza Paulo.
Pernambuco é a origem 80% de todo o milho que consome, uma produção concentrada nas cidades de Ibimirim, Vitória de Santo Antão, Chã Grande, Passira, Limoeiro, Pombos, Bonito e Gravatá. O diretor técnico da Ceasa-PE diz que os outros 20% são provenientes de outros Estados, de cidades como Açu (RN), Limoeiro do Norte (CE), Alhandra (PB) e Irecê (BA). “Sempre somos abastecidos por esses Estados, mas este ano não sabemos ainda se virá milho da Bahia, que foi muito afetada pela seca”, sinaliza Paulo.
Com a menor produção do cereal, este ano a Ceasa-PE prevê uma venda um pouco mais modesta que em 2012. A estimativa é que sejam vendidos entre 13 e 14 milhões de espigas de milho durante todo o ciclo junino de 2013. “Só em junho, nossa estimativa é que sejam comercializadas 10 milhões de espigas.” Em 2012, a Ceasa-PE fechou o ciclo com a venda em torno de 14,5 milhões de espigas de milho.