Um estudo da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro) aponta que metade da carne consumida em Pernambuco tem origem clandestina. O Estado tem 156 matadouros públicos mantidos pelas prefeituras. O problema é que a maioria deles funciona precariamente em espaços improvisados e sem obedecer às normas da Vigilância Sanitária, como mostra reportagem do NETV 1ª Edição.
Só este ano, 17 matadouros foram fechados no estado, mas a Adagro, responsável pela fiscalização, diz que quase todos deveriam ser fechados. “Com certeza, dos 156, no mínimo 140 deveriam estar fechados”, aponta Erivânia Camelo, gerente-geral da Adagro. “Com certeza, mais de 50% da carne consumida pelos pernambucanos é clandestina”, completa.
No matadouro de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, dezenas de pessoas trabalham na informalidade. No local, os bois são abatidos no meio de muita sujeira e sem a inspeção de um veterinário, que deveria atestar se o animal está doente ou não. É um funcionário da prefeitura que coloca o carimbo de inspecionado. “Eu não acho que esteja nas condições adequadas, porque devia ter mais higiene”, disse o servidor Everaldo Domingos.
As mulheres limpam as vísceras sem nenhum equipamento de proteção e usam cal, uma substância que pode queimar a pele. “Às vezes corta [a mão], mas fazer o quê?”, comentou uma mulher. Quem mata os bois, a golpes de marreta, é um adolescente de 17 anos. “Acho esse um trabalho bom, só tenho esse mesmo”, conta o jovem.
De acordo com o vice-prefeito de Vitória de Santo Antão, Henrique Filho, o adolescente que trabalha de forma irregular não tem vínculo com a prefeitura. Ele foi afastado e o administrador do matadouro será punido. Ainda de acordo com o vice-prefeito, um veterinário foi escalado para fiscalizar o abate de animais no local.
Henrique Filho informou, ainda, que um projeto de reforma para o matadouro foi feito e uma licitação foi aberta para contratar a empresa que vai fazer a obra. Uma licitação dura em média três meses, se todas as exigências forem atendidas.
No mercado de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, a movimentação nos boxes começa pela madrugada. Com uma microcâmera, a equipe de reportagem da TV Globo mostra que a carne que será vendida durante o dia é cortada sem nenhum cuidado com a higiene.
Um homem sem camisa arrasta a carne no chão enquanto corta os pedaços. A cena se repete várias vezes. A carne é transportada em um carrinho de mão sujo até o carro do comprador. Mas a contaminação começa antes de a carne chegar aos mercados – na hora do abate, nos matadouros.
No comércio da carne, outro absurdo: matadouros clandestinos de aves funcionam dentro de mercados públicos. Dezenas de boxes se transformaram em galinheiros. As aves são depenadas no meio do aperto e do improviso. Só em um mercado, na Região Metropolitana do Recife, dez mil aves são abatidas por dia. “A gente trabalha faz mais de 20 anos”, afirma o abatedor de aves Givanildo da Silva.
“É preciso todo mundo entender que é um problema de saúde pública. Os casos estão acontecendo e as medidas não estão sendo tomadas na tentativa de reverter esta situação que tem gravidade. A população só deve consumir tentando identificar carnes produzidas, manipuladas e congeladas em locais onde há fiscalização, onde há evidências de que estas carnes são controladas de forma adequada”, explica o médico Carlos Brito, Gastrologista e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Dicas
Muitos consumidores têm dúvidas na hora de comprar carne em mercados públicos. De acordo com o gerente de Vigilância Sanitária do Recife, Luiz Paulo Brandão, alguns sinais podem indicar se o alimento é ou não de origem clandestina. “Se for muito barata, desconfie. Quando a carne é vendida por um preço muito abaixo da tabela é porque ela é clandestina”, afirma.
Outra sugestão é perguntar ao comerciante se a carne é de boa qualidade. “Nessa hora, o consumidor tem todo o direito de pedir a nota fiscal ao vendedor, que comprove onde a carne foi comprada”, diz. “Também é bom prestar atenção no ambiente onde ela está armazenada, se o balcão é refrigerado e se o local é limpo”, acrescenta.
Segundo ele, até o final de dezembro deste ano, a Prefeitura, em parceria com outros órgãos de fiscalização, deve organizar os boxes de vendas de carne nos mercados públicos do Recife.
Só este ano, 17 matadouros foram fechados no estado, mas a Adagro, responsável pela fiscalização, diz que quase todos deveriam ser fechados. “Com certeza, dos 156, no mínimo 140 deveriam estar fechados”, aponta Erivânia Camelo, gerente-geral da Adagro. “Com certeza, mais de 50% da carne consumida pelos pernambucanos é clandestina”, completa.
No matadouro de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, dezenas de pessoas trabalham na informalidade. No local, os bois são abatidos no meio de muita sujeira e sem a inspeção de um veterinário, que deveria atestar se o animal está doente ou não. É um funcionário da prefeitura que coloca o carimbo de inspecionado. “Eu não acho que esteja nas condições adequadas, porque devia ter mais higiene”, disse o servidor Everaldo Domingos.
As mulheres limpam as vísceras sem nenhum equipamento de proteção e usam cal, uma substância que pode queimar a pele. “Às vezes corta [a mão], mas fazer o quê?”, comentou uma mulher. Quem mata os bois, a golpes de marreta, é um adolescente de 17 anos. “Acho esse um trabalho bom, só tenho esse mesmo”, conta o jovem.
De acordo com o vice-prefeito de Vitória de Santo Antão, Henrique Filho, o adolescente que trabalha de forma irregular não tem vínculo com a prefeitura. Ele foi afastado e o administrador do matadouro será punido. Ainda de acordo com o vice-prefeito, um veterinário foi escalado para fiscalizar o abate de animais no local.
Henrique Filho informou, ainda, que um projeto de reforma para o matadouro foi feito e uma licitação foi aberta para contratar a empresa que vai fazer a obra. Uma licitação dura em média três meses, se todas as exigências forem atendidas.
No mercado de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, a movimentação nos boxes começa pela madrugada. Com uma microcâmera, a equipe de reportagem da TV Globo mostra que a carne que será vendida durante o dia é cortada sem nenhum cuidado com a higiene.
Um homem sem camisa arrasta a carne no chão enquanto corta os pedaços. A cena se repete várias vezes. A carne é transportada em um carrinho de mão sujo até o carro do comprador. Mas a contaminação começa antes de a carne chegar aos mercados – na hora do abate, nos matadouros.
No comércio da carne, outro absurdo: matadouros clandestinos de aves funcionam dentro de mercados públicos. Dezenas de boxes se transformaram em galinheiros. As aves são depenadas no meio do aperto e do improviso. Só em um mercado, na Região Metropolitana do Recife, dez mil aves são abatidas por dia. “A gente trabalha faz mais de 20 anos”, afirma o abatedor de aves Givanildo da Silva.
“É preciso todo mundo entender que é um problema de saúde pública. Os casos estão acontecendo e as medidas não estão sendo tomadas na tentativa de reverter esta situação que tem gravidade. A população só deve consumir tentando identificar carnes produzidas, manipuladas e congeladas em locais onde há fiscalização, onde há evidências de que estas carnes são controladas de forma adequada”, explica o médico Carlos Brito, Gastrologista e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Dicas
Muitos consumidores têm dúvidas na hora de comprar carne em mercados públicos. De acordo com o gerente de Vigilância Sanitária do Recife, Luiz Paulo Brandão, alguns sinais podem indicar se o alimento é ou não de origem clandestina. “Se for muito barata, desconfie. Quando a carne é vendida por um preço muito abaixo da tabela é porque ela é clandestina”, afirma.
Outra sugestão é perguntar ao comerciante se a carne é de boa qualidade. “Nessa hora, o consumidor tem todo o direito de pedir a nota fiscal ao vendedor, que comprove onde a carne foi comprada”, diz. “Também é bom prestar atenção no ambiente onde ela está armazenada, se o balcão é refrigerado e se o local é limpo”, acrescenta.
Segundo ele, até o final de dezembro deste ano, a Prefeitura, em parceria com outros órgãos de fiscalização, deve organizar os boxes de vendas de carne nos mercados públicos do Recife.
Imagens exibidas no Bom Dia Brasil:
Vídeo: Reprodução da TV GLOBO – Canal do YOUTUBE: Blog do Carlos Britto