O leão e o urso do zoológico de Vitória de Santo Antão, fechado há um mês, não têm para onde ir e um deles pode ser sacrificado. O zoo do Recife, que receberia os bichos, alega não dispor de espaço. Diante do impasse, estudantes universitários e integrantes de ONGs de defesa animal iniciaram na internet campanha de salvamento.
Alunos de Biologia da UFPE em Vitória, a 53 quilômetros do Recife, querem evitar o sacrifício do leão, que é cego e apresenta dificuldades de locomoção. “”A velhice não é motivo para a eutanásia. No Brasil, há refúgios que acolhem animais assim””, alega Eveline Alves. Com outros estudantes, ela criou a página Biologia Conectado, em que denuncia o problema.
A diretora do Parque Dois Irmãos, onde funciona o zoo do Recife, diz ter condições de acolher muitos dos animais de Vitória, mas não o urso e o leão. “”Há aqui um recinto com um leão e outro com um casal de ursos. Se colocarmos mais machos lá dentro, há riscos de brigas e até de morte””, afirma Silvana Silva.
O Ibama admite a possibilidade de sacrifício do leão, mas ainda não decidiu se essa será a solução. “”Vamos emitir um laudo e pedimos também para o Parque Dois Irmãos e a Universidade Federal Rural de Pernambuco fazerem uma avaliação. Só depois de confrontar as três opiniões é que optaremos ou não pela eutanásia””, adianta o biólogo Edson Andrade, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Pernambuco.
Em relação ao urso, Edson garante que não há indicação de eutanásia. “”O animal está saudável. No entanto, por se tratar, assim como o leão, de uma espécie exótica, ou seja, de outro País, não há como soltá-lo. O jeito, então, será arrumar um lugar para ele”.”
O zoo de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, foi fechado a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Além de não apresentar condições adequadas, segundo os promotores de Justiça, o local funciona irregularmente. Criado há 62 anos, não tinha licença do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e já havia sido interditado pelo instituto em 2008.
O lugar abriga 104 animais, entre mamíferos, aves e répteis. O zoo do Recife deve receber jacarés, lhama, avestruz, anta, cateto e aves. Há, ainda, bichos, como o tucano, que podem ser soltos. Segundo Edson Andrade, o Cetas do instituto em Goiás tem experiência na reintrodução na natureza desse tipo de aves. Já as araras devem ser encaminhadas para o Cetas de Mato Grosso.
Do Jornal do Commercio