O governador Paulo Câmara (PSB) admitiu que há uma investigação interna para apurar a participação de servidores no esquema de desvio de recursos públicos destinados a socorrer as vítimas das enchentes da Mata Sul de Pernambuco, ocorridas em 2010 e em maio deste ano.
De acordo com ele, a corregedoria do estado abriu processo administrativo na última quinta-feira (09) e é possível que haja novas designações para suprir os servidores que possam vir a ser afastados. A declaração foi feita nesta segunda-feira (13), durante entrevista a jornalistas, na aula inaugural do Curso de Formação e Habilitação de Praças do Corpo de Bombeiros, no Centro de Convenções.
“A Corregedoria foi instada e vai verificar tudo. Não vamos admitir erros, mas também não vamos pré-julgar”, afirmou Câmara. O socialista disse ainda que sua equipe está debruçada sobre as peças acusatórias e que, apesar da apuração da Polícia Federal, o material analisado não mostra claramente onde está o superfaturamento, embora tenha reconhecido que há, objetivamente na investigação, um olhar de que um grupo de empresas poderiam ter sido favorecidas por servidores públicos.
“É importante dizer onde está o superfaturamento. Eu já mandei olhar todos os contratos. Não vou admitir erro nenhum. Agora eu tenho clareza de que para acusar precisa ter provas, precisa estar na denúncia e isso, infelizmente, não foi visto ainda”, colocou.
Ao defender as operações Reconstrução e Prontidão, criadas pelo governo para dar assistências às vítimas das enchentes, ele afirmou que as denúncias da PF foram muito pequenas, se comparadas com o trabalho feito nas duas iniciativas.
“Queremos a verdade, mas estamos com a consciência tranquila do trabalho que foi feito. Foi um trabalho muito sério que envolveu muita gente e devolveu às cidades condições de normalidade. E isso vai continuar, porque muita coisa das cheias de 2017 ainda precisa ser feita. E nós vamos fazer com a seriedade que o governo sempre se propôs”, falou.
Operação
Na última quinta, a PF realizou uma megaoperação na Secretaria da Casa Militar do Estado de Pernambuco, após encontrar indícios de fraudes em, pelo menos, 15 contratos para compra de alimentos e materiais, como cobertores, colchões, lonas e filtros de água. Alguns tinham superfaturamento de 20% ou 30%. Os termos fazem parte de um montante de R$ 450 milhões repassado pela União.
A PF analisa agora os documentos e dados bancários para quantificar o real valor que pode ter sido desviado. Também foi verificado o favorecimento a empresas. Ao todo, foram 15 prisões temporárias, entre eles cinco coronéis, 20 conduções coercitivas, sendo dois ex-chefes da Casa Militar e da Polícia Militar – o secretário de Recursos Hídricos, Mário Cavalcanti, e Carlos D’Albuquerque, respectivamente – e 36 mandados de busca e apreensão.
Blog da Folha
Foto: Hélia Scheppa/SEI