Em ano pré-eleitoral, o que poderia ser apenas uma ajuda na busca de melhorias para a população também pode ser um chamariz para voto. No caso dos festejos juninos, por exemplo, segundo dados da Empetur, parte do custeio no Estado foi oriundo das emendas parlamentares, que totalizaram cerca de R$ 4 milhões. Cada legislador pode incluir R$ 1 milhão neste dispositivo, e não há especificação sobre qual área a ser destinada. Muitos optam pelos investimentos estruturais, já que os municípios têm enfrentado uma grande crise econômica. Outros, porém, preferem promover o São João das cidades onde têm base eleitoral.
De acordo com a lista fornecida pela Secretaria de Turismo (SETUR), o deputado estadual Aglailson Júnior (PSB), destinou R$ 700 mil só para o São João da cidade de Limoeiro. O restante de suas emendas, segundo o socialista, foram para obras de infraestrutura das cidades de Lagoa de Itaenga, Passira, Exu e Feira Nova. “Encaminhei o dinheiro para as cidades em que ajudei a eleger os prefeitos”, afirmou.
Para o cientista político, Hely Ferreira esse tipo de prática se assemelha muito ao chamado “pão e circo”. “A ajuda deve existir, mas com facilidade para enviar emendas desse tipo, vem o que seria, de fato, extremamente importante para o município. Falta dinheiro para a Saúde, mas não falta para as festas, por exemplo”, criticou o estudioso.
Um deputado, em reserva, declarou que é uma prática comum querer agradar os prefeitos, principalmente do Interior, ajudando a investir nesses eventos. “Esse tipo de emenda é um desperdício, por ser algo passageiro e que deveria ser de responsabilidade do Governo apoiar. Cabe ao Legislativo estar voltado aos reais problemas da população”, avaliou a fonte. Por outro lado, de acordo com a SETUR, a receita turística do São João no Estado foi de R$ 250 milhões, 39% a mais do que em 2012.
O deputado Silvio Costa Filho (PTB) – que encaminhou emendas para Caetés (R$ 100 mil); Iati (R$ 100 mil); e Aliança (R$ 140 mil) – acredita que cada um decide o que fazer com as emendas como melhor achar e onde houver necessidade. Já a deputada Terezinha Nunes (PSDB) apesar de não condenar a prática, ressalta que isso deve ser feito para as cidades que possuem tradição, como Caruaru, Arcoverde, Gravatá. “Mas as coisas estão mudando, hoje os prefeitos que fazem disso um palanque e citam o nome dos deputados são vaiados pelas pessoas”, relatou a tucana.