O empresário do ramo de cosméticos Edvan Luiz da Silva, de 32 anos, foi autuado em flagrante por assassinar a fisioterapeuta Tássia Mirella Sena Araújo, de 28 anos. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (6), durante coletiva de imprensa realizada pela Polícia Civil de Pernambuco. Segundo o delegado Francisco Océlio, que comanda as investigações, a mulher, que morava sozinha em um flat do Golden Shopping Home Service, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi morta por esgorjamento (corte na parte da frente do pescoço).
Segundo o delegado, Edvan, que é casado e pratica artes marciais, usou toda a força que tinha para arrancar a roupa da vítima. No chão do apartamento, calcinha, short e absorvente da vítima estavam espalhados. Para Océlio, este foi o primeiro indício de que ela teria sido vítima de uma tentativa frustrada ou consumada de violência sexual. O investigador informou que o crime se trata de feminicídio e que os dois não tinham relação afetiva. “Ele mesmo disse, em entrevista preliminar, que cruzou com a vítima apenas duas vezes”, comentou Océlio.
O empresário, que foi visto entrando no prédio às 6h50 da última quarta (5), cometeu o crime por volta das 7h e, em seguida, entrou no próprio apartamento dele. A porta do apartamento da vítima estava entreaberta, segundo o delegado. “Não encontramos sinais de gotejo de sangue em outras áreas do prédio. O único lugar era na porta do apartamento do suspeito. O crime foi premeditado”, revelou o investigador, que disse que a maçaneta estava manchada de sangue.
Após a constatação, a polícia bateu na porta do apartamento de Edvan, mas o homem não abriu. “Tomamos a providência de chamar um chaveiro, que teve dificuldades de abrir a porta porque a chave estava por dentro”, comentou o delegado, que informou que se deparou com uma cena “patética” quando abriu a porta. “Depois de tantos gritos da polícia pedindo para a entrar, ele estava deitado, só de cueca, tapando o rosto, fingindo que não tinha ouvido”, revelou o investigador.
“Ele estava muito consciente do que estava fazendo, não demonstrou arrependimento. Temos a convicção de que foi ele. Não tem antecedentes, mas se mostrava frio. A faca ainda não foi achada”, comentou Francisco Océlio. O delegado informou que Edvan tentou se desvencilhar de tudo o que tivesse na cena do crime. “Temos uma camisa, com a foto dele, que estava encharcada de sangue e foi jogada pela janela”, informou Océlio.
O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Joselito Kehrle do Amaral, informou que o homem caiu em contradição durante o depoimento. “Ele disse que tinha se envolvido em uma briga com flanelinha, mas não achamos esse álibi. Ele não soube explicar quem era o flanelinha, não soube explicar nada. Ele não esperava que já entrássemos no apartamento dele com uma tese investigativa já formada”, comentou Kehrle. Nas mãos da vítima, havia cabelos pretos longos, compatível com a cabeleira de Edvan.
Ainda segundo Joselito Kehrle, a vítima lutou muito com seu algoz. “O ferimento na mão indica que ela segurou na lâmina da faca. Os móveis ficaram revirados. Não havia outra possibilidade para ela senão a morte, já que a mulher reconheceu o criminoso”, comentou. Edvan foi autuado em flagrante por motivo torpe, sem chance de defesa e feminicídio (qualificadoras do homicídio triplamente qualificado). O resultado do exame do DNA deve sair ainda nesta quinta. Em seguida, ele será encaminhado para audiência de custódia.
Perícia
O Instituto Tavares Buril esteve, novamente, na cena do crime na manhã desta quinta. Foram recolhidas digitais encontradas na mesa e no chão do apartamento dela. As amostras ainda serão consultadas. O espaço do apartamento é pequeno, o que facilitou a investigação. Os peritos disseram que saíram satisfeitos com o trabalho realizado. Esta é a terceira visita do ITB a cena do crime, mas não confirmaram ser a última.
Folha de Pernambuco
Foto: Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco