Ritmo de trabalho na Assembleia Legislativa ainda não voltou ao normal. Índice de faltas chega a 32%.
Passado um mês do primeiro turno das eleições, deputados ainda custam a retomar o ritmo de trabalho na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Segundo levantamento publicado pela própria instituição em seu site oficial, entre os dias 7 de outubro e 5 de novembro, foram realizadas 17 sessões ordinárias na Casa Joaquim Nabuco e, nesse período, o índice de ausências chegou a 32%. Esse não-comparecimento, no entanto, não é composto apenas por faltas, que gerariam desconto nos salários, mas, principalmente, pelas chamadas “missões autorizadas”, quando o parlamentar comunica que se ausentará para, teoricamente, realizar viagens ou reuniões de trabalho.
Nesse ínterim, 229 ausências foram abonadas por esse tipo de artifício, que é permitido pelo regimento interno da casa. Outra forma de não-comparecimento autorizaao são as chamadas “licenças culturais”, quando o parlamentar viaja, geralmente para fora do país, com o intuito de adquirir bagagem cultural. No final de outubro e início deste mês, por exemplo, quatro deputados: Tony Gel (PMDB), Terezinha Nunes (PSDB), Raquel Lyra (PSB) e João Fernando Coutinho (PSB) viajaram a Roma, na Itália, para para participar de uma conferência e acompanhar a apresentação da Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque para o papa Francisco, no Vaticano.
Apesar do grande número de ausências, o presidente da Casa, deputado Guilherme Uchoa (PDT), acredita que o índice está dentro do aceitável. “Estamos vindo de eleição e temos que levar algumas coisas em consideração. Quatro parlamentares ocuparão cargos federais e já estão articulando sua mudança para Brasília. Vários outros não irão renovar mandato e isso desarruma as coisas. O mais importante é que estamos com a pauta limpa e não há projetos pendentes”, ponderou. Uchoa acrescentou que, em algumas ocasiões, deputados participaram das reuniões das comissões permanentes pela manhã, mas não ficam para as sessões à tarde.
Alguns dos parlamentares com menor índice de presença justificaram as ausências. O socialista Isaltino Nascimento, que só compareceu a três das 17 sessões e não foi reeleito, disse que esteve viajando para resolver questões do PSB, já que, a partir do ano que vem, ocupará a Secretaria de Articulação Social do partido. Já o deputado Sérgio Leite (PT), que só compareceu a quatro sessões e também não retornará à Casa em 2015, afirmou que esteve participando de reuniões da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) em Brasília. Sérgio é secretário-geral da entidade e já tem viagem marcada para China e Holanda entre os dias 19/11 e 3/12 para participar de uma conferência. Outros deputados com baixa assiduidade, como Ricardo Costa, Botafogo Filho e Manoel Santos não foram encontrados pela reportagem.