Nordeste é a região com maior número de assassinatos. Bahia e Ceará se destacam pelos altos índices, superiores ao de Países em guerra.
Pernambuco é o sexto colocado no ranking dos homicídios cometidos no Brasil, com 34,8 mortes para cada cem mil habitantes. Superiores aos índices observados no Congo (30,8 a cada cem mil), que sofre as consequências da guerra civil, e aos da Colômbia (33,4), que possui altos índices de mortes ligadas ao narcotráfico, estes números foram divulgados ontem pelo Ministério da Justiça, através da pesquisa “Diagnóstico dos Homicídios no Brasil”. Os dados também apontam que a região Nordeste lidera o número de assassinatos no País, com 33,76% dos casos registrados.
“Este documento será um ponto de partida para que políticas públicas possam ser elaboradas”, disse a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki. A ideia é subsidiar o Pacto pela Redução de Homicídios, buscando redução de 5% nas taxas até 2018, em 81 localidades consideradas prioritárias (80 municípios e parte do Distrito Federal).
De acordo com a pesquisa, Pernambuco está mal ou péssimo em quase todos os indicadores pesquisados, com exceção do item “presença do Estado”. Apesar de contactada pelo JC, a Secretaria de Defesa Social não se pronunciou sobre os dados divulgados. Para Regina Miki, a presença do Estado, nas diversas instâncias de atuação, é um elemento crucial para combater as vulnerabilidades sociais. Ela exemplificou que cada 1% de evasão escolar corresponde a 7% de probabilidade de que alguém seja vítima ou autor de homicídios. Por isso, o acesso à Educação, à Saúde e à Justiça são fundamentais para que o problema diminua.
Coordenador dos “Mapas da Violência”, que são realizados desde 1998 pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso) e serviram como base, juntamente com outros estudos, para o diagnóstico divulgado ontem, o pesquisador Julio Jacobo lamentou os resultados apresentados. “A proposta poderia ser eficiente, mas não é suficiente. Talvez tenha havido corte nos gastos”, afirmou.
Diante dos 5.570 municípios brasileiros e da crescente tendência à “interiorização” da violência, a proposta de se “concentrar” nas capitais e outros poucos municípios é, para Jacobo, “apagar um incêndio com conta-gotas”. Além disso, ele apontou discrepâncias entre os números apresentados pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) do Ministério da Justiça e pelo já tradicional Anuário Brasileiro de Segurança Pública. “Apesar de utilizarem as mesmas fontes, há estados em que a diferença entre os números de mortes é de quase o dobro”, pontuou Jacobo.