Empresas instaladas em Pernambuco estão atravessando a crise, mirando uma perspectiva de longo prazo. Mesmo diante do cenário adverso, 2015 foi um ano de inaugurações e anúncio de investimentos. Só no segmento de cervejarias, duas companhias divulgaram aportes de R$ 800 milhões, com a geração de 270 empregos. Em julho, a Brasil Kirin iniciou a operação de três novas linhas de produtos, com investimento de R$ 400 milhões. No mês passado, a concorrente Ambev divulgou que vai aplicar R$ 400 milhões na ampliação da fábrica de Itapissuma para produzir as cervejas premium Budweiser, Stella Artois e Skol Beats Senses. Levantamento da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) também aponta que 29 indústrias decidiram ampliar suas unidades este ano, com projetos que representam R$ 232,3 milhões e 1.370 empregos. Não é uma atração expressiva, mas tem representatividade diante da conjuntura.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Thiago Norões, destaca que o interior está alavancando a atração de empreendimentos este ano. “É uma tendência que se consolida graças ao trabalho que o governo do Estado vem realizando na implantação de zonas industriais em municípios fora da Região Metropolitana do Recife, além da consolidação de cidades que já tinham tradição industrial, como Vitória de Santo Antão e Goiana”, observa.
A Herval é uma das companhias prestes a inaugurar uma nova planta no município de Bezerros (Agreste). Com sede no Rio Grande do Sul, a empresa investiu R$ 25 milhões na construção de uma fábrica de móveis de madeira, que vai abrir 724 postos de trabalho. Em Vitória de Santo Antão (Zona da Mata), a empresa catarinense Ventisol está investindo R$ 50,6 milhões para ampliar seu parque fabril. A unidade vai fabricar ventiladores, batedeiras e aspiradores de pó.
No Grande Recife, a Tramontina é um exemplo de empresa que “decidiu não participar da crise”, como gosta de dizer o presidente do Conselho de Administração, Clovis Tramontina. O grupo está investindo R$ 32 milhões na sua segunda planta de móveis plásticos no Estado, que vai funcionar no município de Moreno. A primeira indústria foi inaugurada no Recife há 16 anos. A nova planta vai aumentar em 30% a capacidade de produção para atender os mercados do Norte e Nordeste.
Depois da inauguração da montadora Jeep em Goiana, a Fiat Chrysler avança no processo de adensamento da cadeia automotiva, com o anúncio de um segundo parque de fornecedores no Estado. O primeiro é integrado por 16 empresas e funciona no terreno da própria fábrica. O grupo está em negociação com 20 empresas, que vão se distribuir entre os municípios de Itapissuma e de Goiana. Desse total, 11 já anunciaram investimento.